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quarta-feira, outubro 30, 2024
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Apae 55 anos: honrar o passado, celebrar o presente e construir o futuro

O dia 29 de outubro é um dia especial para a Apae de Três de Maio. Há
55 anos a instituição foi oficialmente fundada. Era lançada a semente, que ao
longo de mais de cinco décadas foi sendo cultivada, com a missão de
promover e articular ações de defesa de direitos e prevenção, orientações,
prestação de serviços, apoio à família, direcionadas à melhoria da qualidade de
vida da pessoa com deficiência e à construção de uma sociedade justa e
solidária.

Com a união de interesses de pais, pessoas com deficiência e amigos, a
semente frutificou e a instituição se tornou um centro de referência na defesa
dos direitos e na prestação de serviços.

Hoje, a instituição é mantenedora da Escola de Educação Especial
Helen Keller, do Centro de Atendimento Educacional Especializado Helen
Keller e do Centro Especializado em Reabilitação Auditiva e Intelectual (CER
II). Na área da saúde é referência na audiologia para 16 municípios da 14ª
Coordenadoria Regional de Saúde, com uma média mensal de 1.950 de
atendimentos na área da saúde. Neste ano foram entregues cerca de 318
aparelhos auditivos e atendidas 418 crianças nos testes da orelhinha e
linguinha. Na reabilitação intelectual são 216 pacientes, sendo 70 autistas.
O presidente Paulo Camargo destaca a alegria por presidir a instituição
neste momento em que ela celebra 55 anos. “Coube a mim dar continuidade ao
trabalho de tantas diretorias que por aqui passaram. Estamos aqui atendendo
da melhor forma possível e construindo uma sociedade melhor, inclusiva e
dando condições aos assistidos.”

Para a diretora administrativa Nadir Gabe, a Apae não é apenas uma
instituição: é um local que acolhe famílias e cuida de pessoas. “Fazer parte da
história da Apae nos torna pessoas melhores.”

Eles agradecem a todos que fazem a diferença na instituição: equipe,
diretoria, comunidade, empresas e às três esferas dos poderes executivo,

legislativo e judiciário, que permitem dar andamento às atividades com as
condições necessárias para atender da melhor forma quem busca, na
instituição, por saúde, educação e assistência social.

Fundadores deixam legado que perpetua
Foi na Câmara de Vereadores de Três de Maio, no dia 29 de outubro de
1969, que um grupo de pessoas que representavam diversos segmentos da
comunidade se reuniu para fundar, oficialmente, a Apae.

Recentemente, a instituição promoveu um encontro com alguns destes
fundadores para um momento de compartilhamento de recordações, quando
participaram os fundadores Ignes Grando Petter, Marcedes Krebser, Veda
Kochhann, Leonida da Silveira Kehrwald, Elmer Glienke e Mário Tesche.

Questionados sobre o que os motivou, há 55 anos, a fundar a Apae, eles
disseram que o grupo estava unido em prol de um objetivo comum: ter um local
para acolher e atender pessoas com deficiência.

Ignes reforçou que sua participação na fundação da Apae se deu por
necessidade, e que o filho com paralisia cerebral encontrou na Apae o apoio
necessário. “E foi assim que a Apae cresceu, com a ajuda de quem aqui
chegava. Um trabalho desprendido de objetivo pessoal, pois o grupo atuava em
prol de um objetivo comum. Se pudesse dar um conselho, seria ‘nunca deixe
de fazer o bem para quem precisa um pouco mais que você’”.

Marcedes disse se lembrar muito bem de quando foi convidada para a
fundação da Apae. “Foi um presente quando a Marilene Grando (em memória)
me convidou. Eu contei ao Mário Tesche e ele me disse que também queria
ajudar. Hoje, vendo no que a Apae se transformou, só posso parabenizar quem
trabalha aqui. Que Deus dê a resposta para todos vocês.”

Leonida recordou que quando ficou sabendo que ia ocorrer a criação da
Apae, após participar da reunião de fundação, contatou seu irmão Ildo, que
morava em Independência, e contou a ele a novidade.

“A Lori, minha sobrinha, tinha deficiência. Sugeri que eles viessem morar
aqui, pois assim ela teria uma escola para frequentar. E assim eles fizeram, e a
Lori ficou na Apae até estar idosa e vir a falecer. Ela ficava alegre quando o
motorista vinha buscá-la. Desde a minha participação naquela primeira reunião
me senti muito grata em poder ajudar. Tanto que até hoje estou na Apae, contribuindo como posso. Tenho um carinho muito grande por esta instituição”, destacou.

Elmer relembrou que desde o início se interessou e apoiou a causa apaeana, comentou sobre a escolha do nome de Helen Keller para a escola e
disse estar admirado em ver o quanto a Apae se desenvolveu. “Esta instituição
é exemplo, e faz um trabalho com amor. Sempre ajudei, desde a fundação, e
sigo auxiliando, e faço votos que continue sendo exemplo. Que este importante
trabalho siga por muito tempo.”

Mário ressaltou o apoio para a criação da Apae, do qual disse muito se
orgulhar. E, segundo Veda, é admirável o trabalho dos profissionais que
dedicam suas vidas ao cuidado das pessoas com deficiência.

Célia e Arnaldo Langaro também integram o grupo de fundadores da
Apae. Eles contaram que inicialmente era tudo mais difícil. “Mas acreditávamos
que daria certo. E deu. Ficamos emocionado e encantados ao lembrar de
como, naquela época, havia limitações, mas ao mesmo tempo era fácil porque
a equipe sempre esteve pronta para ajudar e trabalhar. Orgulho e gratidão por
fazer parte desta trajetória tão bonita e deste trabalho que é exemplo para a
região.”

Conforme a diretora administrativa Nadir Gabe, os fundadores fazem
parte dos anais da Apae de Três de Maio, e poder homenageá-los em vida é
um presente. Também participaram do encontro o diretor financeiro, Milton
Cassol, e a diretora secretária, Valmi Kaiser.

O presidente, Paulo Camargo, agradeceu a presença dos fundadores e
enfatizou que a instituição segue com o objetivo de, dentro de cada
individualidade, olhar para o coletivo, sempre protegendo os assistidos e suas
famílias. “O legado deixado por vocês na trajetória desta instituição jamais será
esquecido. Por isso é importante preservar a história. Hoje procuramos seguir o
que vocês começaram há 55 anos.”

Dedicação e trabalho dos ex-presidentes foram fundamentais para o
crescimento da instituição

Ao longo de sua história, a Apae de Três de Maio contou com 21
presidentes, contando com o atual, tendo início com o presidente de honra,
Walter Ulmann, e o primeiro presidente, Romeu Reinehr. Todos eles, com trabalho incansável e dedicação voluntária, foram fundamentais para o
crescimento da instituição.

Lurdinha Bender, presidente de 1973 a 1976, disse que é a história viva
da Apae. “Faço parte desta história desde o início. E é um orgulho muito
grande compor o grupo, com tantas outras pessoas, que se dedicou e se
dedica ainda a esta causa. Hoje a Apae de Três de Maio é destaque no Brasil
pelos serviços que desenvolve. Vivenciar a progressão que a instituição teve
nos últimos anos é motivo de muita alegria.”

Kurt Grenzel, presidente nas gestões 1987/1989 e 1992/2002, destacou
que a Apae sempre dependeu da ajuda de pessoas e empresas. “A Certhil era
a primeira vizinha da Apae. E eu, como presidente da cooperativa, ao ser
também presidente da Apae, solicitei ao conselho que fosse dado apoio
especial para a instituição, como viaturas e o meio de comunicação. Muitas
vezes nos solicitavam o fax ou telefone, e a Certhil emprestava.”

Ele relembrou que eram momentos difíceis, com espaço pequeno. Mas
foram desenvolvendo um trabalho com a diretoria apaeana, quando
implantaram o Bingo SOS Apae, que permanece até hoje, como foram de
angariar recursos, e isso permitiu quer a Apae desse passos mais consistentes.
“A instituição também passou a elaborar projetos, o que deu um fôlego
financeiro.”

E também disse se recordar de uma reunião do Rotary, quando o
palestrante falou sobre deficiência e sugeriu quem aqueles que pudessem
ajudassem a instituição. “Aquilo nos tocou. Doamos tijolos da nossa cerâmica
para melhorar o espaço físico da Apae e dar o conforto aos assistidos. Hoje a
Apae é uma extensão dos lares de quem a frequenta. E foi adiante nosso
trabalho. Feliz de ter feito parte desta história e poder contribuir.”

Luiz Fernando Pellenz, presidente de 2005 a 2007, relembrou um fato
muito marcante em sua gestão. “Fui o presidente que assinou, em 2005, o
convênio com o SUS, o que permitiu melhorar a situação econômica e a
qualidade de vida dos alunos.”

Vilson Foletto, presidente que sucedeu Pellenz, esteve à frente da Apae
de Três de Maio de 2008 a 2013, e depois de 2017 a 2002. Falecido há duas
semanas, era o atual Diretor de Patrimônio da instituição e deixou um legado
de dedicação à causa apaeana. Em sua última entrevista, disse que quando

assumiu a presidência da Apae teve a oportunidade de dar sequência ao
trabalho iniciado por Pellenz.

“Fomos felizes. Mostramos nossa seriedade e a vontade de vencer
através do voluntariado à comunidade. Conseguimos demonstrar um trabalho
sério e transparente. Desde 2019 temos o CER II, que beneficia pessoas de 17
municípios da região, via SUS. Isso deu um salto de qualidade nos
atendimentos, que puderam ser expandidos. Criamos oportunidades aos
profissionais, proporcionamos inclusão de alunos no mercado de trabalho.

Oferecemos saúde, educação e assistência social com maestria
imprescindível, com um trabalho reconhecido em todo Estado através da
competência dos nossos profissionais. Essa união tem sucesso porque
diretoria, diretores, equipe, famílias e a comunidade estão alinhados neste
propósito”, enfatizou.

Marcelo da Silveira, atual vice-presidente da Apae, foi presidente de
2014 a 2016. Ele afirmou que para ele e sua família a Apae é duplamente
importante, pois é o local onde o filho, João Arthur, de 15 anos, foi acolhido
desde os dois anos. “Aqui temos todo o tratamento e apoio, além de uma rede
de apoio que acolhe a família. Por isso, auxilio e desejo que a instituição possa,
cada vez mais, através da força da comunidade, investir na qualificação dos
profissionais que acolhem pessoas e famílias que precisam deste espaço.”

Voluntariado que deixa marcas na história e na infraestrutura da Apae
O engenheiro civil João Casali deixou sua marca na história e apaeana.
Isto porque, há quase 50 anos, na época recém formado em Engenharia Civil,
estava começando suas atividades profissionais. Ele contou que foi procurado
pelo então presidente da Apae, Arnoldo Bogo, para fazer um estudo do que a
instituição precisava para construir um prédio próprio, a fim de oferecer
melhores condições de trabalho e atendimento.

“Fiz de forma voluntária este trabalho. Comecei a rascunhar e fomos
conversando. Chegamos ao consenso do projeto, que inicialmente era para ser
menor para não ter muito custo, mas no fim a diretoria resolveu ampliar e
começamos a obra. Sem data para terminar, ia sendo construída conforme os
recursos disponíveis”, relembrou.

Ele disse se sentir honrado de fazer parte da história da Apae de Três de
Maio. “Quando me formei nasceu minha irmã mais nova, a Patrícia, com
Síndrome de Down. Quando o Bogo me procurou, me senti na obrigação de
ajudar porque sabia que isso ajudaria a Patrícia no futuro. Hoje, visitando a
Apae, fico impressionado com o tamanho que a instituição tomou; não
imaginava que cresceria tanto. Fico emocionado e agradecido por ter ajudado e
participado daquele início”, declarou Casali.

As entrevistas para esta reportagem foram feitas há alguns meses
para as gravações de um documentário, viabilizado através do Projeto
Audiovisual da Lei Paulo Gustavo em que a instituição foi contemplada. O
material foi produzido pela empresa Digital Produções.

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