Veículos apreendidos e guardados no Centro de Remoção e Depósito (CRD) do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Taquari, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, foram vistos circulando pelas ruas da cidade entre janeiro e outubro deste ano. Vídeos gravados por moradores mostram um Chrysler prata e um HB20, ambos sob custódia no depósito, sendo utilizados em locais públicos e até em eventos. O Detran abriu uma investigação e suspendeu as operações do depósito.
Em uma das gravações, Juliano Borba da Silva, proprietário do depósito, é visto dirigindo o Chrysler, veículo apreendido em 2022 devido a irregularidades na documentação. Testemunhas alegam que o carro foi usado em eventos automotivos e, segundo um morador, estava até com adesivo de propaganda política.
“Como pode o dono do depósito andar com o carro? A polícia não vê o que está acontecendo?”, questionou um residente. O proprietário original do Chrysler, localizado em Santa Maria, afirmou ter adquirido o carro de um golpista, o que resultou na apreensão. Ele lamentou o uso inadequado do veículo: “A gente vê um bem que levou tanto tempo pra adquirir sendo usado inadequadamente”, desabafou.
Outro veículo, um HB20 apreendido judicialmente em 2023, também foi visto em vários locais da cidade. A Brigada Militar local abriu uma investigação para apurar se o carro estaria sendo utilizado por um policial militar.
Questionado pela imprensa, Juliano Borba da Silva evitou se pronunciar e sugeriu que a reportagem buscasse respostas na delegacia. No entanto, a delegada Betina Caumo não quis receber a equipe, e o delegado regional, Juliano Stobbe, explicou que um inquérito inicial foi arquivado por falta de provas. De acordo com ele, o proprietário do depósito alegou movimentar os veículos apenas entre dois depósitos localizados em lados opostos da mesma rua. No entanto, com novas evidências, incluindo o fato de que o Chrysler percorreu 5 mil quilômetros desde sua apreensão, o inquérito será reaberto.
O Detran suspendeu as atividades do CRD e o diretor técnico do órgão, Fábio Pinheiro dos Santos, afirmou que a investigação deve seguir por mais de 30 dias devido à complexidade do caso. “Uma conduta dessas num município pequeno é estranho, deve ter mais fatores aí”, concluiu.
O caso levanta questionamentos sobre a gestão dos depósitos vinculados ao Detran e a fiscalização dos veículos apreendidos, que deveriam permanecer sob custódia.