Como identificar uma pessoa narcisista patológica (e fugir dela!)

O narcisismo patológico, ou Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN), é mais que uma simples vaidade e forte admiração por si mesmo. Trata-se de um distúrbio mental que se caracteriza por uma necessidade extrema de validação (ou até veneração), por falta de empatia (se colocar no lugar do outro) e uma visão distorcida da própria grandiosidade.
A pessoa narcisista patológica sente-se superior aos demais e possui um senso exagerado de suas próprias habilidades e realizações, no que consiste sua noção doentia de grandiosidade em relação a si mesma. Esses seres têm uma necessidade constante (e patológica) de reconhecimento, buscando sempre estímulos externos que possam alimentar seu ego altamente nocivo.
 
Outra característica de uma pessoa com transtorno narcisístico de personalidade é a dificuldade para se conectar com emoções de outros, o que a define como insensível e egocêntrica. Como se não bastasse, são manipuladoras natas, sempre à procura de uma vítima que lhes pareça vulnerável, a fim de alcançar seus próprios objetivos ou saciar seus próprios prazeres, sem medir consequências. Ainda, reagem a críticas com negatividade exagerada e agressividade, em relação a comentários ou atitudes que possam atingir sua autoestima gigantesca; que, na verdade, pode esconder uma falta de autoestima e aceitação profundas, que jamais admitirão nem para si próprios.
 
Assim, o ser narcisista patológico sempre colocará a culpa por seus próprios erros nas pessoas que escolherem para manipular, em geral, pessoas sensíveis, frágeis e sem suficiente amor-próprio. Se necessário, vão implorar perdão, mas não sem deixar claros seus “óbvios” motivos para agir ou falar de determinados jeitos, afinal, sempre têm desculpas e se vitimizam constantemente.
 
Não caia nessa.
 
Quando não puderem mais “sugar” o que querem de uma vítima, ou utilizá-la para exclusivo benefício próprio, seja na área amorosa, na amizade ou no profissional, vão descartar você. Como literalmente um pedaço de lixo. Sem remorso. Sem culpa. Sem sofrimento. Quem vai sofrer, talvez pensando que seja recíproco, é a vítima, quem sabe se questionando: “O que eu fiz de errado?”.
 
Sórdido, não? Mas como reconhecer uma pessoa vil como uma narcisista patológica? Infelizmente, são bem comuns na sociedade. Para identificá-las, temos o fato de que esse tipo de ser “humano” costuma não diferir muito em seu comportamento, utilizando um bojo de ações e de falas recorrentes. São especialmente tóxicos e atuantes nas relações amorosas.
 
Se você está ou esteve se relacionando com um(a) narcisista predador(a), deverá ter ouvido frases como estas: “Eu sei o que eu fiz e o que eu não fiz”, “Deus (ou alguém que é importante para você) é minha testemunha”, “não vou admitir algo que não fiz” (mesmo que você tenha presenciado a pessoa fazer aquilo, como ter apagado uma conversa no celular), “você está com problemas” (sempre você, nunca eles, os narcisistas), “quero ver alguém aguentar tudo o que eu aguento” (ou seja, você, principalmente, em uma infame inversão de papéis); ou “você nunca faz tal coisa, depois fala que sou eu”, ou ainda “eu jamais faria isso, você não confia em mim”, “você está neurótico(a)”, “você é louco(a)”, “eu não quero mais isso pra mim”.
 
São expressões clássicas, dramáticas, falsárias, repletas de instinto de defesa e ataque ao mesmo tempo, que as pessoas narcisistas utilizam, com algumas variações. Repare na ênfase ao egocentrismo e falta de empatia (“eu” em primeiro lugar), e no foco da culpa no outro (“você” é o problema).
 
Mas como se proteger de um ser narcisista doentio, antes de adoecer?
 
Em primeiro lugar, imponha limites claros na relação, priorizando seu próprio bem-estar emocional e até físico. Não se permita se anular, mostre suas necessidades e sentimentos, sem se intimidar. Algo importante é saber que, quase sempre, é inútil argumentar com um narcisista, eles não se interessam realmente por você ou pela racionalidade afetiva. Apenas querem e precisam manipular, extorquir, maltratar, elevar a si mesmos. Cuidado com as táticas e exigências que lhes impõem! E, mais uma vez: priorize-se, sua saúde mental e física, se necessário buscando apoio profissional.
 
Você não precisa se submeter a um relacionamento abusivo, tóxico, e se deixar esmaecer e deprimir por uma pessoa que é responsável por suas atitudes e falas egoístas, insensíveis e repetitivas. Visam somente a seus interesses próprios e à depreciação do outro.
 
Gostaria de que você soubesse que, quando uma pessoa narcisista se aproxima inicialmente da vítima, pode se esmerar em bajulações, com presentes e prestatividade, se mostrar compreensiva, íntima e incrível – até demais. “Eu te amo”, “você é tudo o que eu procurava”, “eu não vivo sem você”, ditas sem contexto ou muito cedo, são sinais de alerta. Além de pedidos de ajuda financeira ou favores.
 
Por fim, se eu fosse você, antes de ser descartado(a) por uma pessoa com personalidade doentia narcisista (sinto muito se você for uma delas), que é a fase do “descarte”, cairia fora.
 
Por mais que possa doer, e muito. A dor maior vai ser sua, quando houver o abandono repentino ou, no mínimo, traumático para você – isso se você não soube impor limites emocionais e físicos. Imediatamente, vão substituir a ex-vítima por outra, sem remorso, não se engane; e, não raro, farão quem foi descartado sentir que tem culpa no término ou afastamento, e se questionar “onde errou”.

Para terminar, não importa o quanto você o(a) ame. Ame-se em primeiro lugar, priorize sua própria felicidade e liberdade. Não fique inventando desculpas para atitudes e palavras injustas, cruéis e totalmente egoístas do outro. Errar, todos nós erramos, mas, a partir do momento em que alguém se revela um ser narcisista patológico, minando sua personalidade e autoconfiança, o pior erro é continuar em um relacionamento (profundo) com esse alguém. É você ou ele(a). Não espere que mudem. Se alguém mudar vai ser você, e para muito pior, talvez, sem perceber. Até que esteja no fundo do poço. Alvo fácil para outra pessoa narcisista vir “consolar” você…