O Que as Eleições nos Dizem sobre a Educação no Brasil

*Publicado em 2018 no jornal Correio Braziliense

Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral – TSE – divulgou sua mais recente pesquisa sobre o perfil do eleitorado brasileiro.

Dos 147 milhões de eleitores aptos a votar no dia 7 de outubro – quase 4 milhões e meio a mais que em 2014 (52,5% mulheres, 7 milhões e meio a mais que homens) –, mais de 6 milhões e meio são analfabetos, ou seja, 4,463%. Exatamente 32,653% do eleitorado tem apenas Ensino Fundamental completo (6,809%) ou incompleto (25,841%). Já o Ensino Médio foi completado por 22,862%, e 16,880% não chegaram a terminá-lo. Apenas 9, 216% dos eleitores brasileiros contam com Ensino Superior completo, e 4,965%, incompleto. Por fim, mínimos 8,925% leem e escrevem.

Estes dados são alarmantes: restritos 14,181% do povo brasileiro teve ou tem acesso ao Ensino Superior; cerca de 37% da população sequer chegou a cursar o Ensino Médio, quase 5% são analfabetos e menos de 10%, capazes de ler e escrever. De cada dez eleitores no Brasil, sete completaram no máximo o Ensino Médio e um completou o Ensino Superior.

O Brasil é um dos países que menos investe nos ensinos Fundamental e Médio, e se encontra nas últimas posições em avaliações internacionais de desempenho escolar (Secretaria do Tesouro Nacional, 2018), apesar de a despesa federal em Educação ter passado de 4,7% para 8,3% entre 2008 e 2017, o que representa um aumento de 1,1% para 1,8% do PIB. Quanto ao Ensino Superior, Temer anunciou um possível corte de R$ 580 milhões nas bolsas da Capes, o CNPq terá projetos limitados e a Finep não estará apta a cumprir seus compromissos. O investimento em ciência no Brasil é de apenas 1,2% do PIB. Em compensação, haverá aumento de 16,38% para ministros do STF em 2019, um impacto de 717,1 milhões em todo o Judiciário, o que significa mais do que todo o investimento do governo no projeto Mais Alfabetização, que é de apenas R$ 523 milhões.

Resumindo, gastamos pouco com os ensinos Fundamental e Médio, que são de baixa qualidade a exemplo de boa parte do Ensino Superior, o qual é inatingível para a imensa massa. Educação não é prioridade no Brasil, mas sim a manutenção da dispendiosa e burocrática estrutura política por meio de barganhas e altíssimos impostos. Assim fica difícil ter um país mais consciente e socialmente responsável, que possa, através do voto, se renovar.