A oposição venezuelana, liderada por Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, tenta conquistar o apoio das Forças Armadas em um momento de alta tensão política. González reivindica vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho, denunciando fraude, enquanto Machado convoca manifestações em 9 de janeiro, véspera da posse de Nicolás Maduro para um terceiro mandato consecutivo (2025-2031).
Apesar das tentativas de pressão, o alto comando militar reiterou sua lealdade a Maduro em um comunicado, lido pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino. “Não cometa um erro conosco”, alertou o general, recebendo elogios de Maduro. O presidente destacou nas redes sociais: “Não conseguirão!”.
Forças Armadas como Ponto de Decisão
Analistas enfatizam o papel crucial dos militares, que ganharam influência significativa nos governos de Hugo Chávez e Maduro, controlando setores estratégicos como a indústria petrolífera. Mariano de Alba, especialista em geopolítica, avalia que a estratégia de González busca aumentar a pressão internacional, enquanto María Corina Machado tenta mobilizar a oposição interna.
Carol Pedroso, professora de Relações Internacionais da UNIFESP, considera improvável uma ruptura militar imediata, mas não descarta “cartas escondidas” que possam surgir de negociações com o alto comando militar.
Contexto de Violência e Repressão
Desde a reeleição de Maduro, protestos deixaram 28 mortos, centenas de feridos e milhares de presos, muitos acusados de terrorismo. A Direção de Contrainteligência Militar publicou mensagens intimidatórias nas redes sociais, reforçando o clima de repressão.
Cenário Internacional e Futuro
Enquanto González faz uma turnê internacional para buscar apoio, incluindo visitas aos Estados Unidos e países da América Latina, o cenário interno permanece tenso. Analistas apontam que mudanças significativas dependeriam de divisões no governo ou no alto comando militar, além de maior pressão externa.
Maduro, por sua vez, insiste em sua narrativa de estabilidade. “Estou aqui para garantir a paz perpétua”, afirmou, descartando qualquer chance de transição no curto prazo.