O Partido Democrático Trabalhista (PDT) anunciou nesta terça-feira (6) seu desligamento formal da base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados. A decisão veio à tona após a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social e a posterior nomeação de Wolney Queiroz para o comando da pasta — movimento que, segundo deputados da legenda, não foi negociado com a bancada.

A escolha de Queiroz foi interpretada como mais uma falha na articulação política do Palácio do Planalto. Internamente, líderes pedetistas classificaram o episódio como “desastrado”, evocando críticas semelhantes feitas em ocasiões anteriores, como na recente troca de comando no Ministério das Comunicações, envolvendo o União Brasil.

A insatisfação no PDT, no entanto, já era latente antes mesmo da crise deflagrada pela operação da Polícia Federal que expôs um esquema bilionário de fraudes no INSS, vinculadas à pasta da Previdência. A percepção generalizada dentro do partido é de que, apesar da fidelidade demonstrada ao governo, a legenda vinha sendo negligenciada na composição ministerial e na ocupação de cargos estratégicos.

Durante reunião da bancada, a legenda decidiu adotar uma postura de “independência com apoio crítico” daqui em diante. Parlamentares apontam que o PDT buscava mais espaço no Executivo para manter sua relevância política, especialmente com vistas à eleição de 2026. A cobrança era por uma pasta de maior capilaridade, capaz de gerar dividendos eleitorais concretos.

Embora atualmente presidido pelo deputado André Figueiredo (CE), o partido ainda é fortemente influenciado por Carlos Lupi, que também é presidente nacional licenciado da legenda. A leitura predominante entre os pedetistas é de que a nomeação de Wolney Queiroz — embora ele tenha histórico na legenda — ocorreu sem consulta formal ao partido, desconsiderando seu peso político e ferindo a interlocução interna.

Wolney Queiroz, ex-deputado federal pelo PDT e até então secretário-executivo da Previdência, assumiu o ministério no lugar de Lupi em meio à crise provocada pelas revelações da PF. A nomeação não foi vista com bons olhos dentro da legenda, que esperava uma composição mais ampla e negociada.

A saída do PDT da base governista é mais um sinal das dificuldades do governo Lula em consolidar sua coalizão no Congresso. A crítica recorrente entre os partidos aliados tem sido a falta de articulação política eficaz do Planalto — o que ameaça a governabilidade em meio a votações decisivas e ao avanço de pautas de interesse do Executivo.