Eu, você e quase todos nós já ouvimos falar em “aquecimento global”. Parece até um tema batido, mas, sem dúvida, é uma das pautas que mais causam preocupação e exigem mobilização na atualidade. Em todo o planeta. Especificamente, o ano de 2024 tem emitido alertas vermelhos para esse fenômeno climático, marcado pelo aumento da média da temperatura global que ocasiona inúmeras intempéries e desastres naturais.
Em 2024, os indicadores climáticos dispararam o alarme máximo para o aquecimento global. Não tem nada de “sensacionalismo” nisso. É hora de nos conscientizarmos: por exemplo, a temperatura média na Terra subiu 1,63°C acima da média pré-industrial entre junho de 2023 e maio de 2024, a mais alta média já registrada desde que a temperatura global começou a ser medida. Ao mesmo tempo, paira sobre a humanidade a possibilidade de que, até os próximos cinco anos, a temperatura média global ultrapasse, temporariamente, em 1,5°C os níveis pré-industriais. Isso é extremamente danoso, visto que 1,5°C é o limite definido no Acordo de Paris para evitar os piores impactos possíveis diante da mudança climática. E mais: as chances de esse limite de temperatura ser ultrapassado em breve é de cerca de 80%, segundo recentes estudos como os da WWF e da ESG Insights.
Para se ter uma ideia, em 2024 junho foi o segundo mês mais quente já registrado na Europa, com temperaturas 1,57°C acima da média de 1991-2020. Ao mesmo tempo, várias regiões do mundo sofreram com eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas ou enchentes. No Brasil, tivemos a calamidade no Rio Grande do Sul com o excesso de chuvas, aliado ao despreparo dos governos para o escoamento de água na ausência de infraestruturas de prevenção. Foi a maior tragédia que já acometeu o extremo sul do país, deixando um rastro de centenas de mortos, desaparecidos e inúmeras perdas materiais, incluindo perdas
Mas, para além do Brasil, que sofre com as queimadas no Cerrado e na Amazônia e a seca na caatinga nordestina, não podemos ignorar as consequências devastadoras do aquecimento global por todo o planeta. É como na Lei do Caos, algo que acontece do outro lado do mundo pode afetar aqui e vice-versa. Dentre as principais ameaças iminentes de um globo mais quente, temos o aumento do nível do mar que incide sobre cidades costeiras e comunidades insulares; extinção em massa de animais e plantas; a chamada “insegurança alimentar”, com secas e inundações e prejuízos gigantescos à produção agrícola; e a proliferação da pobreza, devido aos impactos das mudanças climáticas que afetam mais as pessoas que estão mais vulneráveis.
E, se você acha que tudo isso não é lá assim tão angustiante ou urgente, saiba que, segundo estudo da NASA em 2022, vários países podem se tornar inabitáveis e excessivamente quentes. Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, avaliou os extremos de calor e umidade para chegar a algumas conclusões e hipóteses, tendo publicado na revista científica Science Adventures. Ele citou alguns lugares que podem chegar a se tornar impossíveis de ser habitados, dentre estes, Brasil, Ásia, Golfo Pérsico e Mar Vermelho. Portanto, não são fake news que o Brasil pode se tornar inabitável em 30 ou 50 anos, é uma possibilidade. Além disso, sabe-se que dezenas de cidades ou regiões mais amplas podem submergir com o desequilíbrio ambiental, inclusive no nosso país.
A pergunta básica é: como combater o aquecimento global? Bem, estamos em uma era de pós-industrialização, com predomínio total de altas tecnologias, fábricas e agentes poluentes na natureza e no ar. No entanto, medidas urgentes podem e precisam ser tomadas para diminuir as emissões dos gases do efeito estufa. Muitos dos acordos sobre emissão de gases não têm sido cumpridos por alguns países, o que piora a situação: a ganância vem primeiro. É como diz o provérbio indígena: “Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro”. Nem respirar dinheiro. Nem sobreviver apenas com dinheiro. É tempo de investir dinheiro não no lucro, mas na sobrevivência da humanidade.