Por que as pessoas estão tão agressivas?

Não é só nas redes sociais. Embora, lá, elas encontrem um enorme “ninho” para se juntarem, corroborar ou colidir suas opiniões, destilar rancor, incompreensão, ódio. Até o chamado “ódio do bem” (isso existe? Ódio pode ser bom? Não acredito). São as pessoas agressivas. Armadas, da cabeça aos pés, contra quem lhes contrarie. Contra quem lhes ofusque. Contra… qualquer coisa de que possam reclamar, qualquer pessoa a quem possam humilhar. Qualquer opinião “recheada” de ofensas pessoais a outros, que nem conhece.

As pessoas andam muito agressivas. É fato.

Engraçado, porque, conforme a teoria dos especialistas, estamos na Pós-Modernidade, Modernidade Tardia, tempo de liberdade, aceitação do diferente, novidades, combate aos preconceitos, fortalecimento das minorias. Não é bem assim na prática. Você concorda?

Quem não teve medo de dar uma opinião, especialmente em uma rede social, em um grupo no WhatsApp, ou mesmo offline, ultimamente? Quem não teve sua opinião distorcida, ridicularizada, foi ofendido e “jogado aos leões” na “arena dos lacradores”? Aqueles que têm sempre razão. Aqueles que, em sua arrogância e pretensa busca pela verdade e justiça, agridem. São agressivos. Só revelam quem realmente são, o que têm dentro deles e não aceitam.

A Filosofia sabe que “quando Pedro fala de Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo”. Quando você ofende alguém, mostra que é incompreensivo, intolerante, raso, prepotente, enquanto está acusando o outro disso. Enquanto está “metendo as patas”, como diz o ditado gaúcho, no outro. Talvez convidando uma horda de gente rancorosa, agressiva e com os mesmos ideais “inabaláveis” que os seus, lobos salivantes, a acompanhá-lo no “apedrejamento”.

É difícil ser entendido hoje em dia. Acontece offline, sempre aconteceu, é a natureza humana, somos seres complicados de se conviver – ou a Filosofia não seria tão extensa, e não haveria tanta gente infeliz e hipócrita. Mas é nas redes sociais, incluindo grupos de WhatsApp, que a coisa degringola: é mais fácil na tela, digitando, sem olho no olho, sem olhar no rosto, talvez com uma comunidade online à disposição para validar sua raiva, seu rancor, seu ódio do bem.

É verdade que temos de ser respeitosos em nossas opiniões. Muitas vezes, uma opinião ou atitude agressiva só recebe um eco em resposta. Há várias maneiras de dizer uma mesma coisa – algumas, não tem como não perturbar quem pensa diferente.

O importante é não se “rebaixar ao nível” dos “lobos salivantes”. Sempre à espreita para criticar, de preferência humilhar, distorcer, ofender pessoalmente gente que não conhece, mas acha que conhece. Se incomodar muito, utilize o “block”, o bloqueio. Não perca tempo dando “murro em ponta de faca” com gente rasa, em armaduras de desprezo e ódio. Se tiver paciência e tempo, tente argumentar com educação e provas factuais, deixando claro que respeita a opinião alheia e que essa é sua visão, respaldada nas circunstâncias perceptíveis.

O que a gente precisa no mundo hoje não é só amor, é compreensão. Paz. Equilíbrio. Todo mundo muito agitado, cheio de certezas porque viu por aí, sem paciência. O orgulho jorra como lava fervente de um vulcão.

A Internet deu voz à muita gente, como a própria Pós-Modernidade. Isso é bom e ruim. Depende de como você agir e reagir. Infelizmente, como já dizia Clarice Lispector, lá no século XX, “a liberdade ofende”. A opinião livre ofende. Ainda ofende, já matou muita gente, literal e metaforicamente. Talvez, muitas vezes, seja melhor escolher o silêncio. A vida responde o que cada um precisa saber, e um dia cada um de nós vai ter de enfrentar certas coisas – aceitar ou não é um direito de cada ser.

Posicione-se quando achar necessário. Mas seja da paz. Não quer dizer em cima do muro. “Isentão”, como muitos extremistas chamam. Silencie, se for melhor para sua saúde, se o enfrentamento e o posicionamento não forem imprescindíveis. Pense bem antes de falar, opinar. Informe-se, sempre, tenha argumentos. Argumente contra ideias, não pessoas. Não julgue tanto.

Eu tenho tentado. Às vezes o sangue ferve, ainda mais para quem tem personalidade forte. Mas, saber controlar o que fala e faz, o autocontrole, inclusive nas opiniões, considero uma das chaves do sucesso pessoal, em todas as áreas da vida.

Bom fim de semana! Com muita paz, se possível.