A Polícia Rodoviária Federal (PRF) flagrou, na manhã desta quarta-feira (9), uma situação inusitada e extremamente perigosa na BR-163, no município de Guaraciaba, no Oeste de Santa Catarina. Durante fiscalização de rotina, os agentes interceptaram uma carreta em condições completamente irregulares, que circulava sem para-brisa, com a cabine danificada e partes do veículo amarradas por cordas.
O caso ganhou repercussão nacional nas redes sociais após a divulgação das imagens do motorista, de 63 anos, dirigindo usando capacete com viseira, como alternativa improvisada à ausência do para-brisa.
Veículo acidentado cruzava o país
Segundo relato do próprio caminhoneiro aos policiais, a carreta sofreu um acidente na divisa entre Mato Grosso e Pará, mas, mesmo assim, ele decidiu seguir viagem até a cidade de Garibaldi (RS) — uma jornada de mais de 3 mil quilômetros, estimada em três dias de trajeto.
Durante a vistoria, os agentes identificaram diversas peças soltas, com algumas extrapolando os limites laterais da carroceria, o que representava alto risco para outros motoristas. O tanque de combustível, por sua vez, estava fechado de maneira improvisada, com saco plástico e elásticos, agravando o potencial de incêndios ou vazamentos.
Autuações e apreensão
Diante do cenário, a PRF aplicou sete autuações por infrações graves ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB), incluindo condução de veículo sem condições mínimas de segurança, transporte irregular de cargas e risco à coletividade. O caminhão foi apreendido e levado a um pátio credenciado, onde permanecerá retido até que todas as irregularidades sejam sanadas.
A PRF reforçou que veículos em estado precário colocam em risco não apenas o condutor, mas todos os usuários das rodovias. “Esse tipo de irresponsabilidade pode causar acidentes fatais. O Código de Trânsito exige condições mínimas para circulação, e isso claramente não foi respeitado neste caso”, afirmou um dos agentes envolvidos na operação.
Segurança nas estradas em alerta
O caso evidencia os desafios enfrentados na fiscalização rodoviária, especialmente em trechos de longa distância e com menor cobertura de policiamento constante. Segundo dados mais recentes da Confederação Nacional do Transporte (CNT), ao menos 40% da frota de caminhões do Brasil circula com mais de 20 anos de uso, e a precariedade na manutenção é uma das principais causas de acidentes envolvendo veículos pesados.
O episódio de Guaraciaba também reacende o debate sobre as más condições de trabalho enfrentadas por caminhoneiros autônomos, que, por vezes, optam por continuar rodando mesmo diante de riscos estruturais, seja por falta de recursos, prazos de entrega apertados ou ausência de assistência após acidentes.
