Na terça-feira passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) esclareceu que não proíbe reuniões entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O tribunal explicou que houve um equívoco na interpretação da ordem judicial, que se limitava a restringir a comunicação apenas entre os investigados no caso da Operação Última Milha. Esta operação investiga a suspeita de um esquema paralelo na Abin para beneficiar Bolsonaro e seus familiares.
Inicialmente afetado por uma ordem judicial que limitava interações entre os investigados em inquéritos relacionados, Ramagem, que busca ser pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro com o apoio de Bolsonaro, agora está autorizado a planejar estratégias eleitorais com o ex-presidente após a revisão da decisão.
O Partido Liberal (PL) ainda não definiu uma data para oficializar Ramagem como candidato na capital fluminense, apesar das convenções partidárias começarem no próximo sábado (20). Neste contexto, o apoio de Bolsonaro é considerado crucial.
Anteriormente, o juiz Alexandre de Moraes havia determinado a restrição de comunicação entre os investigados na Operação Última Milha. Embora Bolsonaro e Ramagem não estejam entre os investigados nesta fase, a restrição se aplica a outros inquéritos relacionados.
Agentes da Polícia Federal suspeitam que Ramagem tenha liderado uma suposta “Abin paralela” durante sua gestão na agência, durante o governo Bolsonaro, mas o deputado nega qualquer irregularidade.
A investigação da semana passada também abordou o suposto uso da Abin para proteger os filhos de Bolsonaro. Um áudio encontrado no computador de Ramagem revela uma reunião ocorrida em agosto de 2020, com a presença de Bolsonaro, Ramagem, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, além das advogadas Juliana Bierrenbach e Luciana Pires.