RS pós-pandemia: apesar da crise, economista aponta oportunidades para economia gaúcha

Igor Morais apresentou indicadores, sinais de melhoria e desafios dos próximos períodos em seminário / Juliane Soska - © Agência de Notícias

“O cenário nos fornece sinais de crescimento que não são vistos desde o final da 2ª Guerra Mundial”. A frase, otimista, é do economista do Transforma RS, Igor Morais, que apresentou estudo inédito com indicadores, desafios e oportunidades para a retomada econômica no Brasil e no mundo a partir da vacinação em massa da população. A fala integrou a programação da primeira edição do seminário “O RS pós-pandemia – reflexões e caminhos para o futuro do Estado”, promovido pela Assembleia Legislativa na noite desta segunda-feira (19).
O encontro, realizado de forma híbrida e transmitido pela internet , contou também com a participação do CEO da Randon e presidente do conselho do Transforma RS, Daniel Randon, do secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Edson Brum, do presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho, e do vice-presidente do Cremers, Eduardo Trindade. A mediação ficou por conta do presidente do Legislativo, deputado Gabriel Souza (MDB).
Segundo Morais, os dados do exterior, especialmente de países como Estados Unidos, China e outros que integram a região do euro, mostram o crescimento de setores importantes para a economia e que terão impacto para o país e para o Rio Grande do Sul. É o caso do mercado das exportações, que vê com boa expectativa a alta do dólar e a confiança do consumidor estrangeiro, principalmente o chinês. A realidade gaúcha também prevê perspectiva positiva graças a safra recorde de soja. “A China é nosso maior parceiro comercial e deve aumentar as compras em 2021 devido ao cenário de crescimento. O contexto econômico externo é propício para oportunidades ao RS”, explicou. Quanto à vacinação, o economista lembra que países como Israel e Estados Unidos, que já aplicaram as doses na maior parte da população, já estão observando importante evolução na sua economia.
Apesar do otimismo, o futuro ainda traz desafios, como a inflação ao produtor e ao consumidor, ponderou o especialista. Morais lembrou que o preço da gasolina aumentou 44,50% de janeiro a abril deste ano. Este fator, assim como a alta dívida bruta do país, acendem o sinal de alerta. “O Brasil ainda tem muitas demandas sociais a atender. A gestão as contas públicas para os dois próximos ciclos eleitorais ainda será um grande desafio”, indicou.
Entusiasta dos debates e propositor da iniciativa, o presidente Gabriel esclareceu o propósito do seminário que terá novas edições ao longo do ano: aproximar o Parlamento e a sociedade no momento mais emblemático para todos os segmentos e propor soluções às demandas da população. “Precisamos olhar atentos e com muita sensibilidade para o futuro pós-pandemia. A recuperação da nossa economia, juntamente com o bem-estar social, depende da união dos gaúchos e da construção de um projeto de retomada do desenvolvimento”, analisou o parlamentar.
Responsável pela pasta de Desenvolvimento Econômico, o secretário Edson Brum citou ações do Executivo pela desburocratização, acesso a linhas de crédito e desenvolvimento pelo Badesul e BRDE. “Oportunidades surgirão com o crescimento das regiões, temos de estar preparados, procurando modernizar leis, buscando competitividade e aplicando iniciativas pela inovação”, disse o gestor.
De forma virtual, o presidente do Banrisul acompanhou o debate e pontuou a fala de Morais ao destacar o bom momento para o agronegócio, o valor do dólar favorável para o exportador e a safra produtiva. “Esse dinamismo vai apoiar a retomada econômica”, disse Claudio Coutinho. Ele citou também o esforço da instituição para financiar a energia limpa – em 2020 a área cresceu 200%. “Esperamos avançar em 2021”, complementou.
Representando a área da saúde, o vice-presidente do Cremers revelou que a categoria médica tem observado durante a pandemia um aumento de casos de outras doenças e, paralelamente, verificado muitos pacientes perdendo seus planos de saúde. “Por causa da crise, muitas pessoas perderam seus empregos e, consequentemente, seus convênios e estão migrando para o SUS. Se calcula que desde o ano passado cerca de 200 mil casos de câncer deixaram de ser diagnosticados”, alertou Eduardo Trindade.
O CEO da Randon e presidente do conselho do Transforma RS, Daniel Randon, afirmou que o Estado deve manter o seu foco na solidez fiscal, para que seja possível investir em infraestrutura e serviços básicos à população. Ele lembrou também a importância das reformas tributária e administrativa, em discussão no Congresso Nacional, no contexto da retomada econômica. “Nosso papel como líderes empresariais, junto com a Assembleia e o Executivo, é aproveitar esse momento e fazer as reformas para que o Estado volte a ser competitivo”, disse Randon.
O seminário teve o patrocinio do Banrisul e BRDE e apoio do Transforma RS. O próximo debate está previsto para o mês de maio e terá como tema “A Escola Do Futuro. Como Recuperar O Atraso Do Pós-Pandemia”.