Comissão do Mercosul promove encontro inédito para debater situação da Fronteira na pandemia

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Encontro inédito, promovido pela Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais da Assembleia Legislativa, no final da manhã desta quarta-feira (21), reuniu, de forma virtual, membros das diplomacias brasileira, uruguaia e argentina para tratar da situação da fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina e o Uruguai durante a pandemia do novo coronavírus.
O evento contou também com a participação do governador Eduardo Leite, do presidente do Parlamento gaúcho, Ernani Polo (PP), de secretários de Estado, de deputados e senadores dos três países e de integrantes do governo brasileiro. “Nosso propósito é conhecer as providências que cada país está adotando e as perspectivas para que os cidadãos fronteiriços possam voltar a conviver”, apontou o presidente da comissão, Frederico Antunes (PP).
A Comissão do Mercosul atuou desde o início da pandemia na construção   do acordo sanitário entre Brasil e Uruguai para o combate e prevenção à Covid-19, implantado em Santana do Livramento e Rivera, Barra do Quaraí e Bella Unión e Quaraí e Artigas.  Com a redução dos casos da doença, o colegiado partiu para o debate sobre a retomada das atividades econômicas e da circulação segura das pessoas na fronteira. “O vírus não respeita territórios. Por isso, temos que trabalhar de forma integrada para combatê-lo. Já houve redução dos casos, o que nos permite pensar em voltar à normalidade. No entanto, qualquer descuido pode gerar retrocessos”, alertou o presidente do Legislativo na abertura do encontro.
Na mesma linha, o governador Eduardo Leite defendeu a adoção soluções conjuntas entre os três países, a exemplo do protocolo sanitário firmado entre Brasil e Uruguai. Para ele, é preciso construir “um caminho seguro” para a melhoria das questões sanitárias e para a evolução da retomada econômica. “Temos conseguido avanços no relaxamento das restrições, mantendo o constante monitoramento dos indicadores para dar cada passo com segurança”, apontou.
 
Conectividade e infraestrutura
Ações integradas, aumento da conectividade e melhorias na infraestrutura regionais são consenso entre os embaixadores que participaram do encontro. O embaixador do Brasil na Argentina, Sérgio Danese, considera que, além de medidas que permitam a volta de “certa normalidade” na Fronteira, é preciso melhorar a conectividade com os países vizinhos. Isso passa, segundo ele, por facilitar o controle de pessoas e cargas, melhorar a conexão aérea e investir em obras de infraestrutura, como a construção da terceira ponte sobre o Rio Uruguai.
O embaixador do Brasil no Uruguai, Antônio Simões, elencou obras que julga importantes para a região fronteiriça, como a renovação da Ponte Barão de Mauá, construção da segunda ponte no Rio Jaguarão,  dragagem da Lagoa Miriam e  implantação de estrutura portuária para o escoamento de soja e arroz, especialmente.
O embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, também defendeu o aumento da conectividade na região da Fronteira para permitir não apenas a volta à normalidade, mas para reforçar o comércio binacional e a integração. Com a proximidade do verão, a retomada do turismo, em sua opinião, deve ser uma questão a ser encarada pelos governos dos três países.
Já o embaixador do Uruguai no Brasil, Guilhermo Valles, ressaltou os laços afetivos entre os dois países e a boa relação entre os dois governos. Lembrou também que o Uruguai exporta para o Rio Grande do Sul o mesmo volume que exporta para a Alemanha, país considerado sua locomotiva no comércio com a Europa.  Defendeu a expansão das hidrovias e enfatizou que Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai juntos têm importante papel a cumprir em termos de segurança alimentar.
A secretária de Relações Federativas e Assuntos Internacionais, Ana Amélia Lemos, agradeceu, em nome do governo gaúcho, ao corpo diplomático dos três países pelo empenho na construção do acordo sanitário e pela condução das demandas que surgiram durante a pandemia.