Em um ato que quebrou o protocolo tradicional de posse, o libertário Javier Milei, líder do partido “La Libertad Avanza”, assumiu a presidência da Argentina neste domingo (10). Em um discurso emocionado, Milei direcionou suas primeiras palavras não aos corredores do Congresso, mas sim aos seus apoiadores reunidos na escadaria do edifício legislativo.
Diante da multidão entusiasmada, Milei proclamou o início de uma nova era para a Argentina, caracterizando-a como um período de paz, prosperidade, crescimento, desenvolvimento, liberdade e progresso. O novo presidente destacou a importância da “Geração de 37”, um movimento intelectual liberal argentino, e enfatizou as bases da Constituição proposta por eles.
O tom do discurso tomou uma direção crítica quando Milei apontou que a liderança anterior abandonou um modelo que enriqueceu o país em prol de ideias coletivistas empobrecedoras. Comparando sua eleição à queda do Muro de Berlim, Milei afirmou que nenhum governo recebeu uma herança pior do que a sua administração.
Ao abordar as políticas econômicas, Milei declarou a inevitabilidade do ajuste e do choque para reorganizar a economia, reconhecendo que isso terá impacto na atividade econômica, na pobreza e nos salários. Ele alertou sobre a inevitabilidade de uma estagflação, mas argumentou que era a única maneira de lidar com a atual crise financeira.
Sobre os ajustes econômicos propostos, o novo presidente enfatizou a impossibilidade de endividamento e emissão de dinheiro, apontando para a necessidade de aliviar o setor privado dos impostos excessivos. Milei rejeitou propostas progressistas, comparando-as à crise hiperinflacionária na Venezuela, e destacou os desafios em termos de segurança, chamando a situação atual da Argentina de “banho de sangue”.
Apesar das perspectivas desafiadoras, Milei reforçou o compromisso com a ação imediata, reconhecendo que desfazer 100 anos de fracassos não seria uma tarefa fácil. Ele concluiu reafirmando a visão de uma sociedade com menos Estado e enfatizando que seu projeto não é apenas de poder, mas sim um projeto de país, conclamando os argentinos a participarem da mudança desejada.
