A Procuradoria da República no Distrito Federal iniciou uma investigação preliminar para apurar se o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem falhado no enfrentamento da Covid-19, conforme reportagem da Folha de S.Paulo. A investigação busca avaliar se o Ministério da Saúde, sob a liderança de Nísia Trindade, cometeu falhas na compra de vacinas atualizadas, resultando no vencimento de milhões de doses e no baixo número de testes diagnósticos realizados.
O Ministério Público Federal (MPF) argumenta que a gestão atual estaria repetindo as omissões observadas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Em um documento assinado em setembro, o MPF afirmou que “as omissões da União no que se refere à prevenção, controle e tratamento da Covid-19 e seus agravamentos continuaram ao longo dos anos seguintes, mesmo com a troca de governo em 2023”.
O MPF aponta que, em 2024, o Ministério da Saúde descartou 10,9 milhões de vacinas contra a Covid-19, a maioria por vencimento. Esse número inclui aproximadamente um terço das doses adquiridas em um contrato com a farmacêutica Moderna, resultando na perda de cerca de 4,2 milhões de vacinas de um total de 12,5 milhões, compradas por R$ 725 milhões. O ministério conseguiu distribuir cerca de 8,26 milhões de doses adaptadas à variante XBB, enquanto o restante foi descartado.
Outro ponto crítico é a escassez de vacinas em estados e municípios, especialmente para crianças, o que também tem gerado preocupações. Em resposta, o Ministério da Saúde afirmou que intensificou as ações para reduzir casos e mortes pela Covid-19, seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). O ministério também destacou que a postura atual é “incomparável à anterior”.
Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), atribuiu a baixa procura por vacinas ao impacto de grupos antivacina. “Por que a demanda [pela Coronavac] foi baixa? Por conta desses grupos antivax. Uma posição que eu defendo: o desperdício tem que ir na conta do antivax. Esse, para mim, é o custo ao Estado brasileiro que esse pensamento negacionista causa”, declarou Gatti à Folha de S.Paulo.