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Passar dos 89 anos de vida será cada vez mais raro no mundo

Hoje, a expectativa de vida em praticamente todos os lugares do mundo é muito, mas muito maior que há alguns séculos. Na Idade Média, por exemplo, vivia-se mais ou menos 40 anos, embora exceções tenham sido comuns em toda a História: homens e mulheres que, em qualquer época, viveram quase 100 anos ou até além disso. A partir dos anos 1980, em especial, a tecnologia fez elevar em muito o tempo que se espera que uma pessoa média viva, inclusive no Brasil. De acordo com o IBGE, a expectativa de vida no nosso país em 2024 é de 76,6 anos, e no mundo a ONU estabelece 73,3. Porém, uma recente pesquisa avisa: podemos estar atingindo o “pico de vida”, e chegar aos 89 anos poderá se tornar cada vez menos frequente.

Mas por que, com tantos recursos médicos e científicos, informações sobre bem-estar físico e mental, prevenção, vacinas e tratamentos inovadores?

A menos que ocorra um “avanço médico transformador”, as chances de uma pessoa chegar aos 122 anos, como Jeanne Calment, da França, recordista oficial em longevidade humana, ou bem menos do que isso, serão cada vez mais remotas daqui para a frente. É o que afirma uma pesquisa publicada no dia 7 de outubro de 2024, na revista Nature Aging, liderada por por S. Jay Olshansky, professor de epidemiologia e bioestatística da Universidade de Illinois, em Chicago.

O estudo avaliou dados sobre expectativa de vida, a partir do nascimento, colhidos entre 1990 e 2019, em alguns dos lugares em que a população costuma viver por mais tempo ao redor do globo. Austrália, França, Itália, Hong Kong, Japão, Coreia do Sul, Suécia e Suíça são esses recantos. Os Estados Unidos foram incluídos na pesquisa, mas lá a expectativa de vida é menor que nos países citados. E agora vem o boom: esses cientistas descobriram que, mesmo que a expectativa de vida tenha crescido no período investigado em todos os locais, a taxa de crescimento começou a desacelerar. Só em Hong Kong a expectativa de vida não perdeu seu ritmo.

E o que isso significa?

Que, após décadas de aumento na expectativa de vida e nos prognósticos de longevidade, mediante avanços da ciência, o ser humano pode estar se aproximando dos limites possíveis para sua “duração”. Conforme sugere a renomada pesquisa norte-americana, o tempo de vida que temos atualmente é o máximo que vamos alcançar. Assim, a longevidade máxima esperada deverá ficar na média de 87 anos: 84 para homens e 90 para mulheres. O estudo destaca que vários países já estão próximos de alcançar essa idade média.

Portanto, a expectativa de vida humana, em vez de acelerar indefinidamente, na verdade está indo em direção à estagnação. Diante do estudo de Olshansky, amplamente divulgado, mesmo pesquisadores que aguardavam o pico da duração da vida chegar aos 150 anos ou mais estão admitindo que a nova hipótese é, ou pode ser válida. Assim, o estudo pode ser uma notícia desanimadora para a humanidade. E, ao mesmo tempo, um alerta para nós.

Apesar dos avanços em saneamento básico e tecnologias médico-científicas que não cessam, e da democratização cada vez maior da informação e o conhecimento visando a uma vida mais saudável em todos os aspectos, a observação empírica da humanidade nos propõe demarcações. Expõe, a nu, nossas limitações.

Seria a Lei da Entropia, ou Segunda Lei da Termodinâmica, aplicada à humanidade? Por causa dela, cientistas descobriram que o Universo está encolhendo e perdendo “combustível”, como o Sol, como a Terra, como nós, seres humanos. Essa lei, a principal da Física, estabelece que todo sistema organizado, ordenado ou estabelecido, se deteriora com o passar do tempo. O caos ou retrocesso aumenta progressivamente. De maneira que a “gasolina” da longevidade pode estar queimando rápido, por isso a desaceleração prevista na expectativa de vida entre nós. Obs.: nesse bojo, é claro que podemos citar a deterioração do nosso próprio planeta, do ar, da água e o superaquecimento global, pelos quais temos sido majoritariamente responsáveis.

O que podemos inferir de tudo isso é que a ciência não tende a nos tornar imortais, nem a nos salvar cada vez mais da morte em diferentes circunstâncias. Pragas sempre surgem e continuarão surgindo – sempre existiram, com ou sem tecnologia de ponta. Bactérias, fungos e vírus se tornam resistentes. O próprio corpo humano se torna mais frágil diante do avanço da idade, e isso é inevitável, “vitimado” pelo envelhecimento de todos os órgãos, tecidos e sentidos.

Isso nos impele a buscar uma vida mais saudável, física e mentalmente – ambas as dimensões humanas se mostram cada vez mais interconectadas: a Medicina oriental tem razão. Corpo são em mente sã, mente sã em corpo são.

Nesse sentido, é sempre útil prevenir sobre o abuso de drogas, lícitas ou ilícitas, cigarro, sedentarismo, falta de controle emocional (ou de tratamento psiquiátrico e terapêutico, se necessário). Devemos entender os perigos do burnout, que é o excesso de trabalho ou de atividade mental e pode ser irreversível. Temos ainda uma explosão de ansiedade, depressão e estresse, e o Brasil é considerado pela ONU o “país mais ansioso do mundo”. Sem falar na alimentação atual, repleta de substâncias industriais nocivas. Mesmo vegetais orgânicos costumam ter 30% ou mais de agrotóxicos em muitos casos, e nossos governos seguem aprovando componentes proibidos em comes e bebes em outros países, como nos Estados Unidos e em países da Europa. Tudo pelo lucro.

Valorize sua vida. Seu corpo e sua mente são seu “templo”. Seu jardim, se preferir. É certo que não podemos prever os eventos futuros com certeza, por maiores que sejam nossos esforços, ou os da ciência; mas podemos criar, a cada dia, um dia de cada vez, melhores expectativas de vida para nós e para quem amamos. Não apenas em números, mas em vida de fato: sonhar, se divertir, ter relacionamentos saudáveis, priorizar a própria felicidade e aprimoramento e aceitar os processos dolorosos que exigem. Investir em você mesmo é o melhor investimento que poderá fazer. Coloque anos na sua vida se possível, mas, principalmente, coloque vida – minimamente responsável – em seus anos.

Viva em busca da saúde e da felicidade, que é caminho, e não porto onde se atracar.

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