CPI dos Medicamentos chega a 10ª reunião, ouvindo gestores hospitalares de todo o RS

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A  Comissão Parlamentar de Inquérito com a finalidade de investigar os aumentos exorbitantes de preços de medicamentos e insumos utilizados no combate à pandemia de Covid-19, presidida pelo deputado Dr. Thiago Duarte (DEM), chegou hoje (7) a sua décima reunião, realizando novas oitivas com gestores de diversos hospitais do Rio Grande do Sul. Todos confirmaram dificuldades para a aquisição de medicamentos do kit intubação, especialmente nos meses de fevereiro, março e abril deste ano, e aumentos fora do padrão dos preços dos fármacos.“Há uma preocupação grande com saúde dos pacientes e com a saúde financeira dos hospitais também. Nosso papel é o de responsabilizar fatos abusivos que aconteceram no passado e evitar que ocorram situações como no Norte do país, especialmente em Manaus, com grande carga de sofrimento para pacientes e famílias”, apontou o presidente.

A farmacêutica Aline Daniele Pedersen, representante do Hospital Nossa Senhora da Oliveira, de Vacaria, afirmou que houve dificuldades para aquisição de bloqueadores e sedativos a partir de dezembro de 2021. O sedativo Midazolan, que antes da pandemia era adquirido por R$ 5,00 a ampola, chegou a ser ofertado à instituição por R$ 198,00. Hoje, o medicamento está sendo comprado a R$ 29,00. Para garantir o atendimento aos pacientes intubados, o hospital recorreu a empréstimos e está importando da Turquia.

O aumento dos preços dos medicamentos para os pacientes com Covid-19 afeta também a saúde financeira dos hospitais. O gasto com fármacos em maio de 2020 no Hospital de Alvorada foi de R$ 101 mil. Em maio deste ano, saltou para R$ 407 mil. Os números foram apresentados pelo diretor da instituição, Carlos Alberto Grossini, que também administra o Hospital Padre Jeremias, de Cachoeirinha.

Os custos dos insumos, como luvas de látex, e de oxigênio também aumentaram nos dois hospitais. O preço unitário da luva passou de R$ 0,15, antes da pandemia, para R$ 0,28. E os gastos com oxigênio também dispararam, mesmo não tendo ocorrido reajuste no preço do metro cúbico do produto e nem no contrato de fornecimento. Em março do ano passado, o Hospital de Alvorada gastou R$ 17 mil com o gás medicinal. Em março deste ano, gastou R$ 75 mil, em decorrência do aumento do consumo pelos pacientes em UTI.

No Hospital de Viamão não chegou a faltar medicamentos para os pacientes intubados, mas a instituição enfrentou dificuldades para aquisição. “Não faltou, mas foi por pouco. Compramos num dia para usar no outro”, revelou o diretor-administrativo, Leandro Gomes dos Santos.

Com estoque suficiente para sete dias, ele teme que, no caso de uma terceira onda da doença, a instituição volte a “ficar nas mãos dos fabricantes”. O hospital opera, segundo ele, com um déficit anual de R$ 900 mil e conta com recursos extraordinários para equilibrar as contas.

O Hospital São Camilo, Esteio, viveu momentos difíceis no pico da pandemia. O seu diretor Adriano Coutinho Méier contou aos deputados que a instituição chegou a pedir, preventivamente, a transferência dos 18 pacientes que estavam internados na UTI, por falta de medicação. “Trabalhamos no fio da navalha, com estoque para apenas um dia”, lembrou. Hoje, o São Camilo conta com um estoque para 20 dias, caso não acontece a ampliação do número de internações por Covid-19.

Requerimentos

Antes dos depoimentos, os integrantes da CPI aprovaram três requerimentos, de autoria do presidente da comissão. Dois deles autorizam a realização de visitas técnicas presenciais aos hospitais dos municípios de Tapes e Agudo, e o outro prorroga os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito por 60 dias.

Dr. Thiago Duarte afirmou que a CPI promover um movimento de interiorização a partir desta semana, quando serão realizadas visitas aos hospitais dos municípios de Soledade, Espumoso, Não-me-toque, Tapera, Ibirubá, Cruz Alta, Panambi e Ijuí.

 

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