Os últimos anos têm demonstrado que as pesquisas eleitorais no Brasil são cada vez menos confiáveis. Eu mesma já deparei com “erros” absurdos (e suspeitos). Por isso, deixo um conselho a você nestas Eleições que se aproximam: não vote de acordo com pesquisas, ainda mais dos principais institutos. Não têm se mostrado eficientes em muitos casos.
Vou dar dois exemplos. Era véspera da votação para a prefeitura de Porto Alegre. Peguei, no chão, um folheto com uma pesquisa atualizada: Manuela D’Ávila aparecia vários pontos à frente do segundo colocado. Naquela hora, tive um insight: não, está errado. Ela vai ficar x pontos atrás do primeiro colocado (não me lembro quem era esse candidato, nem os números exatos). O que me lembro é que, no fim, houve um “erro” de 12, eu disse 12 pontos a favor de Manuela. E ela ficou bastante distante do primeiro colocado, que era o segundo na pesquisa do Ibope, se não me engano (ou era DataFolha, não tenho certeza). Doze pontos na véspera das Eleições não é erro, é manipulação, quer você queira ou não. Talvez, uma absurda inépcia.
Outro caso: em Minas Gerais, Romeu Zema, do NOVO, aparecia nas pesquisas em segundo lugar em uma de suas disputas pelo governo do Estado. Venceu no primeiro turno (no primeiro e no segundo mandatos). Isso não é erro, é manipulação ou muita ineficiência. E já vi outros erros um tanto grotescos, que vou chamar de “erros”, embora prefira manipulação, dados alguns números absurdos em certas Eleições.
O fato é que nós sabemos que “o buraco é bem mais embaixo”, e muitas destas pesquisas são mesmo manipuladas, pagas, tendenciosas, ou ineficientes apenas. Agora, em São Paulo, para a prefeitura, leio que Marçal se afasta de Boulos e Nunes, este que venceria a ambos no segundo turno. Não gosto tanto do Marçal, ainda menos do Boulos, dado seus históricos, e nem quero fazer propaganda por um Nunes que não conheço. Mas posso acreditar nessa pesquisa?
Além disso, nossas urnas. O voto impresso foi vetado várias vezes no Congresso. Isso é muito suspeito. Por que não reforçar a segurança das tão questionadas Eleições no Brasil? Não precisa? Precisa, sim. Toda proteção é bem-vinda. Não temos voto impresso, e os resultados vão direto a Brasília, para o TSE de Toffoli e o STF de Alexandre de Moraes. Este que levou quase um ano para liberar o código-fonte completo ao conhecimento público após as Eleições de 2022, celebrando como “ato democrático”. Afirma que as urnas são totalmente auditáveis, mas por que a inspeção do Exército em 2022 encontrou 81 possibilidades de vulnerabilidade em um documento oficial, pedindo respostas a Alexandre de Moraes, o que foi ignorado pelo “rei”? Disponibilizou o código-fonte completo à inspeção do Exército? Há boatos de que só viram a ponta do iceberg, tanto que foi liberado integralmente ao público somente meses após. Isso é no mínimo intrigante, tenha você a posição política que tiver.
Então, podemos ficar com um pé atrás com as urnas.
Eu mesma, no primeiro turno em 2022, não tive minhas digitais reconhecidas – como a de muitos da minha seção, conforme a mesária informou, rindo, como se fosse engraçado. Votei? Não sei, ninguém me deu suas digitais. No segundo turno, tudo correu “bem”.
Portanto, se eu fosse dar um conselho a você, eleitor, eleitora, em meio a esse fogaréu que enfrentamos, na bipolaridade política e na Natureza no Brasil, seria: vote conforme o que ou quem achar correto, ou mais aceitável. Ou se abstenha, se necessário (o que eu, pessoalmente, acho sempre desnecessário, um desserviço ao direito democrático de votar). Lembremo-nos do caso extremo de Nicolás Maduro, cuja reeleição somente foi reconhecida por países ditatoriais socialistas. Infelizmente, nosso presidente, que já financiou esse governo com bilhões, ficou na defensiva e acabou aceitando o resultado. As atas foram omitidas, houve um banho de sangue e, sim, um golpe. As pesquisas foram contrariadas de uma maneira que não seria possível: Maduro estava muito atrás do candidato da oposição, após ter mandado prender a candidata de oposição anterior. Coadunar com algo assim é vergonhoso. Significa se aliar a golpes e ditadores, e nenhuma ditadura, eu disse nenhuma, nunca foi boa e sempre foi opressiva ao povo.
Às vezes, a ditadura atua sutilmente em pesquisas ou em urnas não confiáveis para eleger quem é desejado (por alguns) estar no poder. Então, faça sua parte, vote por seus princípios e pelos candidatos que disputam cargos. Não olhe o número de seus seguidores nas redes sociais, não olhe as pesquisas, olhe seus históricos pessoais e políticos. Informe-se, e não só pelo que ouviu falar ou por órgãos claramente politizados. Observe o que falam e o que omitem. Atente ao que fizeram, e ao que deixaram de fazer. Já passou da hora de discurso de político (são sempre os mesmos) não ser determinante em Eleições, senão o que fizeram ou deixaram de fazer os candidatos, e em que acreditam ou deixam de acreditar. Já passou da hora de o povo que vota deixar de se informar, em seu direito democrático, além da superfície e do mesmo blá-blá-blá de ideologias muitas vezes incoerentes e sem prática.