O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul rejeitou, na sexta-feira (6), o pedido de prorrogação da prisão temporária de Carla Carolina Abreu Souza, mãe investigada pela morte de Kerollyn Souza Ferreira, de 9 anos. O corpo da menina foi encontrado em um contêiner de lixo em Guaíba, e o prazo da prisão temporária de Carla expira no domingo (8).
Em vez de prorrogar a prisão, o tribunal determinou que Carla cumpra uma série de medidas cautelares estabelecidas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Guaíba. Entre as condições impostas, estão a proibição de deixar a Comarca de Guaíba sem autorização judicial e a obrigação de comparecer mensalmente ao juiz. Além disso, a mãe está proibida de ter qualquer contato com seus outros filhos até que a situação das crianças seja regularizada.
Nesta sexta-feira, a Polícia Civil solicitou à Justiça a extensão da investigação sobre a morte da menina.
Os advogados de Carla, Thais Constantin e Welynton Noroefé, expressaram em nota que lamentam o vazamento de informações sigilosas que, segundo eles, prejudicam a imagem da cliente ao antecipar um julgamento. A defesa também reforçou que a presunção de inocência deve ser mantida e que se compromete a respeitar as decisões judiciais, esclarecendo todos os pontos no momento apropriado.
A polícia investiga se a mãe teve algum papel nas circunstâncias que levaram à morte da filha. De acordo com o relato da polícia na época do crime, Carla teria administrado um sedativo à menina antes dela ser encontrada morta no contêiner de lixo. A investigação revelou que Kerollyn teria ingerido um grama de clonazepam, além de risperidona (medicação prescrita).
Carla afirmou à polícia que ela e a filha tomaram clonazepam antes de dormir. Ela relatou que acordou por volta das 7h, percebeu que a menina não estava em casa, tomou mais medicamento e voltou a dormir. Também disse que já havia agredido a filha com uma escumadeira, causando uma lesão na cabeça da menina, inicialmente atribuída a um tombo de bicicleta, mas que a investigação revelou ter sido causada por Carla.
Uma vizinha e mãe de um colega de escola de Kerollyn informou ter acionado o Conselho Tutelar “mais de 20 vezes” devido à situação da criança, que frequentemente pedia comida e carinho aos vizinhos. O Conselho Tutelar de Guaíba afirmou que estava colaborando com as autoridades e que não podia fornecer detalhes adicionais.
Outros três vizinhos também relataram abusos ao Conselho Tutelar, mencionando que a mãe frequentemente gritava e ofendia Kerollyn. Uma testemunha afirmou ter ouvido um pedido de socorro que acreditava ser da menina. Relatos indicam que a criança ainda cuidava de irmãos menores.
O pai de Kerollyn, Matheus Ferreira, disse ter sido informado por vizinhos sobre a difícil situação da filha, que, segundo ele, dormia na rua e comia comida do lixo.
Kerollyn vivia com a mãe e os irmãos em Guaíba, enquanto o pai reside em Santa Catarina. A menina havia morado com o pai nos primeiros meses de vida e aos sete anos, antes de retornar para a casa da mãe.