O  Ibovespa avançava 3,83% nos primeiros negócios desta segunda-feira (3), após o primeiro turno da eleição presidencial no Brasil. No mesmo horário, o dólar comercial caía 3,02%, cotado a R$ 5,23 na venda.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado no domingo, mas disputará um tenso segundo turno com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que superou o estimado pelas principais pesquisas de opinião e ficou a pouco mais de 5 pontos de distância do ex-presidente.

Na semana passada, o Ibovespa à vista acumulou queda de 1,5%.

Na visão de Dan H. Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos, um desfecho para o segundo turno está em aberto, acrescentando que será um trabalho árduo para Bolsonaro reverter o resultado do primeiro turno.

Ele chamou a atenção para o resultado na eleição de deputados e senadores, acrescentando que a composição do Congresso mostra que a governabilidade do próximo presidente dependerá de alianças com o dito ‘Centrão’.

Na visão de Kawa, a força dos partidos de direita no Congresso e Estados sinaliza que a governabilidade de Bolsonaro seria mais tranquila, assim como importantes reformas poderiam ser feitas com certa celeridade se ele fosse reeleito.

Kawa ponderou, contudo, que Lula, “um hábil articulador político, seria capaz de conduzir o país, caso eleito”, enquanto a oposição reduz o risco de guinadas mais à esquerda de um eventual governo petista.

“Este, talvez, seja o grande ponto positivo deste primeiro turno.”

Taxas de juros recuam até 25 pontos-base

Os juros futuros acompanham o dólar e têm queda forte na manhã desta segunda-feira, em especial os longos, em reação ao desfecho do primeiro turno das eleições, além do recuo dos juros dos Treasuries.

Também pela manhã, o Boletim Focus mostrou que as estimativas para IPCA de 2024 pararam de subir, ficando em 3,50%.

Às 9h30, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 caía a 11,28%, de 11,53% no ajuste anterior.

O DI para janeiro de 2025 caía para 11,43%, de 11,58%, e o para janeiro de 2024 cedia para 12,73%, de 12,77% no ajuste de sexta-feira. O dólar à vista tinha queda de 2,17%, a R$ 5,2778.

O rendimento da T-note de 10 anos recuava a 3,702% (de 3,795%).

Exterior

A melhora dos índices futuros das Bolsas de Nova York, que sobem em bloco, além da redução das perdas dos mercados acionários europeus na esteira de fortes altas do petróleo ajudam a enfraquecer a moeda americana ante divisas emergentes e ligadas a commodities, como o real.

As bolsas europeias e o euro recuam menos, após um baque nas ações mais cedo com temores sobre uma reestruturação do banco Credit Suisse e após os últimos PMIs de manufatura da Europa reforçarem preocupações com recessão em meio à escalada da inflação e expectativas de alta fortes de juros pelo Banco Central Europeu. O petróleo disparava, com altas entre 4,5 e 5%.

Na zona do euro, o PMI industrial caiu em setembro a 48,4, seu menor patamar em 27 meses. Já no Reino Unido, o PMI subiu no mês passado, mas ficou bem abaixo da barreira de 50 que indica contração na atividade.

Após sofrer um tombo de 21% ao longo de setembro, a ação do Credit caía mais 7,5% nos negócios da manhã em Zurique. O banco planeja anunciar uma reestruturação, quando apresentar seu balanço trimestral. Também no Reino Unido, a bolsa recua, mas a libra ganha força ante o dólar, após o governo da primeira-ministra Liz Truss surpreender ao desistir de eliminar um tributo de 45% sobre o imposto de renda dos mais ricos.

Em Nova York, os índices futuros das bolsas operam sem direção única nesta manhã, sugerindo uma recuperação parcial dos mercados à vista, em meio a um salto nas cotações do petróleo. O EWZ, principal fundo de ETF de ações brasileiras, disparava 4,62% por volta das 8h52 no pré-mercado, a US$ 31,00, refletindo a reação no exterior do resultado do primeiro turno das eleições no Brasil.