Com a chegada da primavera, os sojicultores têm o start para a semeadura da leguminosa no Rio Grande do Sul, iniciando a safra de verão 2023.

A projeção para a nova é de chuvas abaixo da média nos próximos meses, o que poderá afetar a safra de grãos no Estado. O fenômeno La Niña, desde 2020, vem afetando os produtores rurais, não somente os sojicultores, mas principalmente, aqueles produtores da agricultura familiar. A maior estiagem da história do Rio Grande do Sul foi registrada na safra de 2022, iniciando o período de escassez de chuva em dezembro de 2021.

Em Santo Ângelo, produtores da comunidade de Ilha Grande tiveram perdas de 98% da produção de melão. Para entender como o fenômeno La Niña irá se manifestar na safra de verão, conversamos com o meteorologista Flávio Varone, do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (DDPA/Seapdr).

De acordo com Flávio, o evento La Niña ainda deve persistir até o último bimestre do ano, sentindo os efeitos associados ao evento durante a primavera, principalmente. Para o próximo verão há tendência de normalidade na atmosfera, ou seja, o fim do Lá Niña vai determinar que as condições regionais predominem. “O que indica, com os dados atuais, que não deverão ocorrer longos períodos de estiagem.

Nos meses de outubro e novembro as chuvas deverão ficar abaixo da média, porém sem estiagens prolongadas”, comenta. Varone explica que no mês de novembro a precipitação deverá reduzir um pouco mais, principalmente na Fronteira Oeste e Campanha, o que é normal para a primavera. Já em dezembro, mesmo com previsão de valores abaixo da média, se espera chuvas regulares, o que deverá trazer boa condição de desenvolvimento nas lavouras instaladas até o período.

“A partir de agora a tendência é de aumento gradual da temperatura, com dias de grande amplitude térmica. Como ainda estamos sob a influência do La Niña, o mês de outubro deverá apresentar noites e madrugadas mais frias em todo o Rio Grande do Sul”.

Segundo o meteorologista, as temperaturas menores durante as noites de primavera, se criam condições favoráveis para a ocorrência de geadas isoladas. Para novembro e dezembro a tendência é de aumento das temperaturas, com valores mais próximos à normalidade. O maior problema no verão são as estiagens mais curtas, com 10 ou 15 dias sem chuva e temperaturas altas, o que pode provocar danos nas lavouras.

Com a elevação da temperatura, também ocorre o aumento da evapotranspiração, ou seja, aumenta a perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração, o que pode representar problemas para os produtores do Estado em períodos sem precipitação regular.

O produtor gaúcho deve seguir atento à previsão do tempo e utilizar os manejos adequados a sua cultura em condições adversas. “Isto é importante para garantir boas condições de trabalho na implantação das lavouras.

O teor de umidade no solo está satisfatório na maioria das regiões, é muito elevado nas áreas da Metade sul e Fronteira Oeste, onde a chuva dos últimos meses garantiu plena condição de trabalho. Porém, como deveremos ter uma diminuição da chuva nos próximos meses, os produtores perceberam alguns períodos mais adversos para o desenvolvimento das culturas semeadas”.

Mesmo sob influência do La Niña, não há previsão de estiagens extensas, nem de intensas ondas de calor, o que poderia ser altamente prejudicial para algumas lavouras, dependendo da fase de desenvolvimento. Conforme análise dos dados coletados pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária, até o momento, não há eventos severos de estiagem para a safra de verão.