Pelo terceiro ciclo seguido, a condição climática já altera a produção de milho no Rio Grande do Sul.
As dimensões das perdas ainda são preliminares e difíceis de mensurar enquanto a cultura está em desenvolvimento, mas já dão indícios de uma nova safra com estragos.
A combinação de tempo seco, chuvas irregulares e temperaturas altas em período crucial para etapas como a floração e o enchimento de grãos das espigas é a maior preocupação no setor. O nível do alerta é “de amarelo para vermelho”, define o diretor-técnico da Emater, Alencar Rugeri. Perdas esparsas já são registradas em áreas na metade Oeste do Estado.
Especificamente para o milho, o problema é o avanço das áreas com dificuldade hídrica, que começam em pequenos pontos e vão se expandindo. Nesse sentido, o grão se difere da soja porque tem um período curto e crucial em que necessita de chuva, enquanto na soja esse intervalo é mais alongado, conforme o diretor-técnico da Emater.
A condição da cultura daqui para frente depende dos próximos dias. Se voltar a chover e a temperatura ficar amena até a próxima semana, algumas lavouras prejudicadas ainda podem produzir alguma quantidade do grão. Do contrário, o estrago pode ser grande.
Outra preocupação é em relação à qualidade do grão colhido. As lavouras de milho já vêm com produtividade menor por causa dos ciclos anteriores. O impacto disso se repetirá mais à frente, com menor oferta para a indústria. O milho é o principal componente da ração animal e a sua falta no mercado tem reflexos no preço do frango e do leite, por exemplo.
O acompanhamento meteorológico da Secretaria da Agricultura, feito pelo Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), indica que a chuva está abaixo dos níveis esperados nos três últimos meses do ano, confirmando a persistência do La Niña.
Na avaliação do meteorologista e coordenador do Simagro-RS, Flávio Varone, o quadro alerta para as chamadas estiagens isoladas, principalmente onde os problemas de escassez hídrica são velhos conhecidos, como a Metade Sul, a Fronteira Oeste e a Campanha.
Dezembro de atenção
De acordo com o sistema de meteorologia da Secretaria da Agricultura, a expectativa é de que o período mais crítico da falta de chuvas no Rio Grande do Sul seja o mês de dezembro. A partir do fim do ano, deve haver um alívio com maior distribuição das precipitações em janeiro.
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