Metade do eleitorado acredita que o Brasil pode tornar-se um país comunista, uma das principais bandeiras do bolsonarismo usadas contra o governo Lula (PT).
Os dados, que ajudam a qualificar a guerra cultural entre os principais grupos políticos brasileiros, foram aferidos em uma nova pesquisa do Datafolha. Realizada de 12 a 14 de junho, ela ouviu 2.010 pessoas com mais de 16 anos em 112 municípios, e tem uma margem de erro de dois pontos para mais ou menos.
Segundo o instituto, 52% dos entrevistados concordam com a afirmação acerca do risco de o Brasil adotar um regime comunista. Desses, 33% concordam totalmente, e 19%, parcialmente.
Não sem surpresa, a crença sobe a 73% entre aqueles que votaram em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022, quando o então presidente perdeu a eleição para Lula por 50,9% a 49,1% dos votos válidos, a mais curta distância desde a redemocratização de 1985.
O apoio do PT, um partido que se dizia socialista na origem, e de Lula a ditaduras de esquerda na América Latina ajuda a manter o fantasma acordado.
No geral, 42% rejeitam a noção (30% totalmente, 12% em parte), e 6% ou não sabem, ou não quiseram responder. Também de forma previsível, eleitores de Lula são os que mais descartam a hipótese, 61%, mas nada menos que 32% deles a acham crível. Acreditam no cenário comunista 42% das pessoas com curso superior, teoricamente com mais acesso à informação de qualidade.
A pesquisa traz um dado contraintuitivo acerca da polarização do país, em que 29% se dizem petistas raiz e 25%, bolsonaristas de carteirinha, segundo o mesmo Datafolha. Quando questionados acerca de legados dos governos do PT (2003-2016) e de Bolsonaro (2019-2022), 33% dos ouvidos afirmam ver coisas boas nos dois períodos.
A maioria nesse grupo votou em Bolsonaro (58%), enquanto os que apoiaram Lula são 33%. Entre eles, aprovam o presidente 29%, o veem como regular 41% e o reprovam, 27%.
Por fim, a pesquisa mostra que a política segue impregnada por fatores religiosos. Confrontados com a questão “Política e valores religiosos devem sempre andar juntos para o Brasil possa prosperar”, 65% dos ouvidos concordam, enquanto 32% discordam. Os índices são semelhantes entre apoiadores de Lula e Bolsonaro, e a rejeição à afirmação sobe entre grupos mais escolarizados (51% para quem tem curso superior).
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