Uma ex-deputada do PSOL está sob escrutínio após revelações de que teria recebido pagamentos de uma facção criminosa enquanto solicitava uma audiência no Ministério da Justiça, que contou com a presença da esposa de um líder do Comando Vermelho no Amazonas. Os detalhes emergiram de recibos bancários obtidos pelo Estadão.
A ex-deputada estadual pelo PSOL no Rio de Janeiro, Janira Rocha, teria levado Luciane Barbosa Farias, conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, para audiências no ministério, embora o nome de Luciane não conste na agenda oficial. Recibos apreendidos pela Polícia Civil amazonense mostram três transferências significativas da facção criminosa para a conta de Janira, totalizando R$ 23.654. Esses pagamentos ocorreram pouco antes da primeira reunião de Luciane com o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, em março deste ano.
Janira, que solicitou o encontro, é mencionada na nota oficial do Ministério da Justiça, na qual alega que não tinha conhecimento dos pagamentos da facção à ex-deputada. Os recibos revelam que os pagamentos foram feitos por Alexsandro B. Fonseca, também conhecido como “Brutinho” ou “Brutus”, que seria o contador do Comando Vermelho responsável pela contabilidade da “caixinha” e tesoureiro em municípios do Amazonas.
Além disso, há registros de pagamentos à ONG Liberdade do Amazonas, presidida por Luciane, esposa de um dos líderes do Comando Vermelho no estado. Os documentos indicam que a facção financiava diversas despesas da associação, incluindo aluguel, contas e salários.
A investigação da Polícia Civil do Amazonas teve início com a apreensão de um celular roubado, revelando uma contabilidade detalhada da facção criminosa. Janira Rocha, eleita deputada estadual em 2010 pelo PSOL, enfrenta condenação em primeira instância por práticas ilícitas durante seu mandato de 2011 a 2014.