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sábado, setembro 28, 2024
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Quando me amei (de verdade mesmo)

Talvez muitos aqui já tenham tido a oportunidade de ler um famoso texto, de origem desconhecida, chamado “Quando me amei”. É um conteúdo que, obviamente, discorre sobre autoestima, amor-próprio e até mesmo recomeços, considerando, em especial, os danos provocados por relacionamentos tóxicos, inclusive com nós mesmos. Estive pensando sobre o tema. Hoje, basicamente, existem duas vertentes (estamos na era do extremismo disfarçada de liberdade pós-moderna): ligue o “foda-se”, ou “assuma a sua vida [quem você é, suas responsabilidades] para uma vida plena e bem-sucedida”.
Sou mais desta segunda teoria: somos uma geração bastante acomodada com as tecnologias digitais, a proteção da tela e dos filtros, e ao mesmo tempo fragilizada em um narcisismo típico do protagonismo e espetáculo das redes sociais e de uma vida literalmente “editada”. Acabamos nos perdendo em nossa própria identidade, muitas vezes, divididos entre o papel de vítima, o de algoz e o da indiferença.

Então, neste pequeno artigo, quero deixar a você um algo sobre amor-próprio, e quando comecei a me amar de verdade. Foi um processo doloroso, mas transformador, inusitado, alegre, humilde e ao mesmo tempo autoconfiante, descrito em meu mais recente livro, “Como amar demais em um mundo canalha”.

O que aconteceu é que, quando me amei, desliguei o “foda-se”, quando alguns livros forjado pela falta de cuidado próprio, amor-próprio, autorresponsabilidade e generosidade me mandaram ligá-lo. Não ligue o foda-se: ele inclui você mesmo.

Mas quando me amei, deixei de me sentir totalmente responsável pelo que acontece comigo, sem me esquecer de assumir aquilo que escolhi; há coisas que não posso e não pude modificar, embora fossem melhorar minha vida e meus relacionamentos.

Percebi a necessidade diária de regar a planta da autoestima e da autoconfiança, sem perder a humildade (que não é modéstia), reconhecendo e refletindo sobre minhas qualidades e aquilo de que necessito e que posso mudar, hoje ou no futuro.

Quando decidi me amar de verdade, descobri que devo viver um dia de cada vez, mas isso não impede que eu tenha planos concretos para o futuro, sistematizados, visto que vou colher o que plantei (Lei da Semeadura); e quem não sabe o que planta, não em um só dia, mas no presente dos dias, não pode saber o que vai colher.

Notei que devo aumentar minha temperança, que é a vida equilibrada, paciente, resiliente. Características não muito comuns na correria egocêntrica de hoje em dia, o “aqui e agora”, “eu faço o que quero, quando quero”.

Refleti que devo sim me lembrar do passado e de suas lições, mas não de maneira obsessiva. O passado serve para me ensinar, se eu sei aprender; e, se sofri demais, nem sempre foi porque não mereci. A vaidade, o orgulho e a falta de generosidade cegam.

Constatei que devo cultivar mais minha espiritualidade – não falo em religião, mas na área espiritual que todos nós temos, intrinsecamente, o re-ligare que nasceu com todas as civilizações, exceto as que foram “embutidas” em filosofias que pouco explicam o sentido da vida ou o caminho da paz de espírito, senão um humanismo vazio – mas devo respeitar quem optar por essa vida.

Decidi ser mais gentil, compreensiva e julgar menos, afinal “com a mesma medida que julgarmos, seremos julgados”. E, assim, olhar menos para os outros, para as redes sociais, para as aparências (vivemos em um mundo de ilusão digital) e cuidar mais do melhor que posso ser, tendo minhas inspirações, sejam pessoas, minhas crenças, minhas raízes. Terei me esquecido das minhas raízes?

Observei que devo dar mais valor e tempo àqueles que me amam, ou que me fazem bem, e tenho o direito de me afastar, se possível, o quanto possível, daqueles que danificam meu coração e minha paz, sem por isso odiá-los – só faz mal.

Quando comecei a me amar, porque continuo tentando fazer isso um dia de cada vez, entendi que não vou conseguir fazer tudo a que me propus; mas aos poucos, e cada detalhe importa. Vou cair e me levantar todas as vezes em que for necessário “como um cavalo novo” (Clarice Lispector). Não vou me crucificar, nem abandonar meus sonhos, nem deixar que pensem por mim, nem deixar de ouvir e aprender. Novamente citando Clarice Lispector, vou aceitar a “falha necessária”, o escrever certo por linhas tortas que torna a vida uma jornada incrível e única para cada um de nós.

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