As bandeiras pretas devem ser mantidas em todo o mapa do Rio Grande do Sul no mês que vem

Fonte: O Sul

Atualmente em sua terceira semana consecutiva, o mapa gaúcho com 100% de bandeiras pretas (altíssimo risco epidemiológico) deve chegar pelo menos até o começo de abril, e não somente até o dia 21 de março, por causa do agravamento dos indicadores da pandemia de coronavírus no Estado. A projeção é do governador Eduardo Leite.

Em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta segunda-feira (15), ele salientou o fato de que a rede hospitalar do Rio Grande do Sul está quase que inteiramente restrita, no atual momento, ao atendimento a casos de Covid, sobretudo no que se refere aos setores de emergência e terapia intensiva. E que isso é determinante no atual cenário ecomômico.

Ele admite a possibilidade de que já na próxima rodada do sistema de distanciamento controlado (com bandeiras a serem divulgados na sexta-feira), o Comitê de Crise do Palácio Piratini retome o modelo de cogestão, por meio do qual prefeituras têm certa autonomia para adotarem restrições mais brandas que as definidas pela bandeira da região.

Caso isso ocorra, no entanto, quem optar por parâmetros da cor vermelha (alto risco) encontrará um sistema mais rígido. Isso porque as diretrizes para esse status epidemiológico não serão mais os mesmos de antes. “Estamos analisando a elevação das restrições da bandeira vermelha, ‘subindo essa régua’ para a retomada de atividades”, antecipou o governador, sinalizando que será mantido por mais tempo o veto a atividades não essenciais entre 20h e 5h.

“Novos leitos não bastam”

Mais tarde, ao participar com outros governadores de uma reunião virtual com a comissão do Senado que trata de assuntos relacionados à pandemia, Eduardo Leite chamou a atenção para o fato de que “nenhum país venceu o coronavírus apenas com aumento de leitos”.

Ele apresentou um panorama sobre a situação sanitária no Rio Grande do Sul, onde a taxa geral de ocupação de leitos de UTI tem ficado acima de 100% nas últimas semanas. Nos próximos dias, o Estado deve abrir 183 leitos de UTI para pacientes adultos, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Conforme o governador, isso permitirá uma ampliação de 157% na capacidade hospitalar da rede pública estadual, passando de 933 leitos em março de 2020 para 2.397 no mesmo mês deste ano. Mas essa expansão não é capaz de acompanhar a velocidade da pandemia:

“A escalada de casos que estamos observando desde o começo de fevereiro é cinco vezes maior, mais agressiva, do que vimos nas outras duas ondas [inverno e meados de novembro]. Fizemos uma expansão e já são mais de 2,3 mil leitos de UTI do SUS, mas nenhum país venceu o coronavírus apenas com aumento de leitos, nem os mais ricos. Todos tiveram de impor algum tipo de distanciamento social”.

Ainda na avaliação do chefe do Executivo gaúcho, esse tipo de medida é necessária até que haja doses suficientes de vacinas para imunizar a população: “O País precisa de suportes para mitigar efeitos econômicos e aí entra a questão do auxílio emergencial, para reduzir essa tensão que os governadores e prefeitos enfrentam na ponta”.

Leite também fez um apelo ao Senado para que auxilie na articulação internacional: “Esta Casa pode nos ajudar a exigir que o País se articule internacionalmente para adiantar a entrega de vacinas. Não adianta só comprar vacinas que vão chegar em outubro ou novembro, precisamos agilizar o cronograma, e para isso é preciso contar com a solidariedade de organismos internacionais”.

“Especialistas apontam que, caso o Brasil siga vacinando a população apenas em pequenos grupos em uma velocidade lenta, isso pode fornecer uma oportunidade ao vírus para se fortalecer e se tornar mais resistente”, finalizou.

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