A EPIDEMIA DE DEPRESSÃO NO BRASIL

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), cerca de 300 milhões de pessoas sofrem com depressão no mundo. Você consegue adivinhar qual o país com maior prevalência desta doença incapacitante na América Latina? Se pensou no Brasil, acertou.

De acordo com o relatório “Depressão e outros transtornos mentais”, da Organização Mundial de Saúde (OMS) em novembro de 2023, o Brasil é o país com mais pessoas deprimidas da América Latina. O último mapeamento da OMS aponta que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, ou seja, 11,7 milhões de pessoas. Só para constar: seguindo o Brasil, na América Latina, vêm Cuba (5,5%), Barbados (5,4%), Paraguai e Bahamas (5,2%), e Uruguai e Chile (5%). E eu me arriscaria a dizer que estes números são ainda maior, visto que muita gente não consegue identificar ou aceitar que está deprimida, dentre os vários tipos de depressão.

Ainda conforme a OMS, na América o índice de depressão do Brasil é apenas menor que nos Estados Unidos, onde 5,9% das pessoas têm transtornos de depressão. Ao mesmo tempo, um estudo epidemiológico do Ministério da Saúde revelou que, nos próximos anos, até 15,5% da população brasileira poderá sofrer com a depressão, ao menos uma vez durante a vida.

Algumas razões podem explicar esta epidemia de depressão no nosso país, como: falta de acesso de qualidade na saúde pública; estigmas sociais gritantes em relação a transtornos mentais; deficiência de um protocolo de atendimento para a depressão; e, é claro, a situação caótica, econômica, social e moral em que vivemos, incluindo as disputas políticas acirradas entre polarizações, discussões religiosas etc.

Ademais, eu colocaria a própria Era Digital e as redes sociais em si. Estas têm contribuído para, além de nos alienar da realidade, muitas vezes, criando um cenário de competição narcisista e frustração em busca de curtidas, comentários e holofotes nas telas. Tal fenômeno ocorre em todo o mundo, é verdade, mas sabe-se que a utilização das redes sociais e a exposição pessoal na Internet são bem intensas no Brasil. Assim gerando aparências que enganam, tanto física quanto mentalmente – não a quem as têm, que não pode, por muito tempo, enganar a si mesmo.

Enfim, a OMS aponta que o número de pessoas que sofrem com doenças mentais “comuns” tem aumentado no mundo inteiro, em especial em países de baixa renda – o que reforça o “peso” da situação de crise econômica, social e moral no Brasil. A pobreza está diretamente ligada ao risco de depressão, como o desemprego, além da perda de entes queridos (muitos se foram com a Covid-19), relacionamentos tóxicos, problemas físicos ou causados por vícios em drogas lícitas (álcool e tarjas-pretas, por exemplo) e ilícitas. Cuide da sua saúde mental e física.