As águas continuam em alta no Rio Grande do Sul, com a marca registrando 5,25 metros às 9h15 desta terça-feira (7). Esta elevação é uma sequela dos intensos temporais que assolam o estado desde o dia 29 de abril, resultando em uma tragédia que já ceifou a vida de 90 pessoas.
O professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS), contextualiza que, com base nas informações colhidas durante a inundação de 1941, estima-se que serão necessários pelo menos 30 dias para que o nível das águas volte a uma marca inferior a 3 metros. Naquela ocasião histórica, foram precisos 32 dias para que o Rio Guaíba retornasse aos níveis abaixo da cota de inundação, atingindo então 4,76 metros. Os registros oficiais indicam que o ponto máximo atingido foi de 5,33 metros, em 5 de maio.
O cenário no estado permanece desafiador, com os temporais persistentes e as inundações afetando diversas regiões desde o final de abril. Os números divulgados nesta terça-feira (7) são alarmantes: mais de 90 vidas perdidas, 132 pessoas desaparecidas e 361 feridas. Mais de 203,8 mil indivíduos estão deslocados de suas residências, dos quais 48,1 mil encontram-se em abrigos, enquanto 155,7 mil estão temporariamente alojados em casas de familiares ou amigos. O impacto abrange 388 dos 497 municípios do estado, afetando aproximadamente 1,3 milhão de pessoas.
A situação é especialmente grave em Porto Alegre, onde a elevação das águas do Rio Guaíba levou o prefeito Sebastião Melo (MDB) a aconselhar os residentes dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus a deixarem a área. Esta recomendação foi emitida na tarde de segunda-feira (6), quando o nível da água começou a subir nessas localidades.
Além disso, a administração municipal decretou racionamento de água na capital gaúcha, prevendo que cerca de 85% da população será afetada. Isso se deve ao fato de que cinco das seis estações de tratamento de água encontram-se inoperantes devido aos alagamentos, estando sob risco de descargas elétricas.
As dificuldades para a redução das águas são explicadas em dois pontos-chave:
- A configuração geográfica das bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Gravataí e Sinos contribui para o represamento das enchentes, formando uma espécie de funil que dificulta o escoamento em direção ao mar.
- Os ventos que sopram do sul em direção ao continente empurram a água da Lagoa dos Patos na direção oposta, exacerbando as inundações no Rio Guaíba.
O estado continua a enfrentar uma crise sem precedentes, exigindo esforços conjuntos para enfrentar os desafios iminentes e lidar com as consequências devastadoras dessas enchentes.
