As intensas chuvas que assolam o estado desde 29 de abril já ceifaram a vida de 90 pessoas, deixando mais de 100 desaparecidas no Rio Grande do Sul. O impacto é avassalador, com 203,8 mil indivíduos deslocados de seus lares em todo o território estadual. Dentre estes, 48.147 encontraram abrigo em instalações designadas, enquanto 155.741 buscam refúgio temporário com parentes ou amigos. O desastre atingiu 388 dos 497 municípios gaúchos, afetando diretamente 1,367 milhão de pessoas.
Um relato comovente é o do empresário Ismael Fonseca, cuja provação incluiu dois dias de isolamento em Cruzeiro do Sul, onde a força das águas devastou a cidade, reduzindo sua residência a meras paredes em meio à desolação.
“Não há condições para retornar. Nosso lar foi arrasado. Criamos nosso filho aqui ao longo de sete anos, erguemos tudo com muito esforço. Embora nossas lembranças estejam aqui, não será o local de nosso fim. Não regressaremos”, desabafa.
No bairro Passo de Estrela, outrora habitado por 3 mil pessoas em aproximadamente 500 residências, não há mais uma única casa em condições dignas de habitação.
“Tenho minha família, mas não tenho mais um lar. O recomeço parece inatingível”, lamenta a fisioterapeuta Deisi Maria.
Os estragos se estendem para além dos lares. A infraestrutura básica também sofreu severamente:
- Água: Mais de 750 mil imóveis estão sem abastecimento hídrico, equivalendo a 26% dos clientes da Corsan.
- Energia: 270 mil pontos estão às escuras, representando 8,8% dos clientes da RGE Sul. A situação da CEEE Equatorial ainda não foi divulgada oficialmente.
- Comunicação: O serviço de telefonia e internet está interrompido em várias localidades, afetando 38 municípios atendidos pela Tim, 28 pela Vivo e 19 pela Claro. As operadoras tomaram a iniciativa de disponibilizar pacotes de internet gratuitos para manter a comunicação durante os temporais.
Além disso, as rodovias estaduais e federais foram prejudicadas, com bloqueios em 99 trechos de 42 estradas estaduais e 58 bloqueios nas rodovias federais.
Os aeroportos regionais operam normalmente, mas o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, permanece fechado pelo menos até 30 de maio.
No setor educacional, algumas regiões retomam as atividades escolares, enquanto outras permanecem com previsão de suspensão.
Enquanto as operações de resgate continuam, a ênfase recai na segurança das áreas afetadas, com a Brigada Militar intensificando a presença policial para evitar saques e garantir a ordem em meio à adversidade.
É um período desafiador que exige união e solidariedade. A Brigada Militar assegura que não está restringindo o transporte de alimentos, realizando fiscalizações em embarcações ou exigindo notas fiscais, mas sim se concentrando na assistência à população atingida.
