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sexta-feira, setembro 20, 2024
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Apesar de pressão por queda, o Comitê de Política Monetária deve manter os juros básicos em 13,75% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve optar em manter a taxa básica de juros inalterada, aos 13,75% ao ano, |

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve optar em manter a taxa básica de juros inalterada, aos 13,75% ao ano, pela quinta reunião consecutiva.

Em agosto do ano passado, o comitê decidiu subir a taxa de 13,25% para o atual patamar e interrompeu um longo ciclo de aumentos da taxa básica de juros brasileira. Foram 12 aumentos consecutivos, o maior ciclo de alta da história brasileira.

Apesar da expectativa de que o Banco Central (BC) mantenha a taxa no mesmo patamar em que está, a política monetária doméstica encontra-se cada vez mais contracionista. Isso tem acontecido principalmente pela queda da inflação.

Apesar de os preços ainda estarem muito elevados, em 12 meses a inflação não para de ceder e deve chegar ao meio do ano próximo dos 3,5%. Isso faz com que a taxa real de juros (taxa de juros menos os efeitos da inflação) seja cada vez mais elevada.

Impacto

Considerando as recentes falências bancárias nos Estados Unidos (Silicon Valley Bank e Signature Bank) e as dificuldades do Credit Suisse na Europa, a expectativa é de que o Fed fala apenas mais um ajuste residual na taxa de juros americana e encerre o ciclo de aumentos nesta quarta-feira (22).

Bem, se os Estados Unidos já enxergam o fim do ciclo de aumentos de juros e se a taxa real de juros no Brasil não para de subir, dado o processo de desinflação no país, a tendência é de que mais capitais venham em direção ao Brasil.

Isso acontece por um mecanismo bastante simples que envolve a análise das taxas de juros ao redor do mundo. Como o Brasil tem hoje a taxa real de juros mais alta do mundo é de se esperar por alguma entrada de recursos estrangeiros e, consequentemente, valorização da nossa moeda em relação ao dólar.

Isso não significa dizer que não tenhamos volatilidade ou comportamento totalmente contrário a este que está descrito acima. As falências bancárias nos Estados Unidos, por exemplo, causaram forte desvalorização do real.

Mudanças

Em termos práticos, considerando a manutenção da taxa Selic em 13,75%, e o aumento da taxa de juro real por consequência da desaceleração da inflação, o que devemos levar em consideração é a elevação do custo de crédito.

Essa era uma leitura feita ao longo das últimas decisões do Copom, agora, no entanto, temos mais dois componentes que ajudam a encarecer o crédito e reduzir o ritmo da atividade econômica, o escândalo das Lojas Americanas e as dificuldades financeiras nos países desenvolvidos.

O objetivo de um banco central ao elevar a taxa de juros é produzir um movimento de desaquecimento da economia por meio de dois mecanismos: desaceleração da demanda (já que o custo do crédito aumenta) e desaquecimento do volume de investimentos (já que o empresário pode optar por investir em ativos financeiros no lugar dos investimentos produtivos).

Com a taxa de juros nas alturas e com todos os problemas abordados acima, a expectativa é de mais encarecimento do custo do crédito e diminuição do volume concedido por parte dos bancos, principalmente depois das falências do penúltimo final de semana.

Próxima reunião

O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, que a luta contra a inflação ainda não terminou. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e pronta para iniciar um novo ciclo de aperto (aumentos de juros) se a desinflação não ocorrer conforme o esperado.

A próxima reunião do Copom ocorrerá nesta terça (21) e quarta e não deve trazer mudanças na condução da política monetária. No entanto, a grande novidade está por conta de um eventual anúncio de quando o comitê começará o ciclo de cortes da Selic.

Com o risco de produzir uma desaceleração mais forte do que o mercado tem previsto e de expor empresas a problemas que neste momento podem ser evitados, o Banco Central deve orientar o mercado a precificar a primeira redução da Selic na reunião de maio ou de junho.

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