Brasil começa a ver efeitos da vacinação nos números da pandemia

Média diária de mortes na última semana foi de 1.252, frente a quase 3 mil vidas perdidas por dia na primeira quinzena de abril  |  AFP

Depois de uma segunda onda devastadora que aumentou o número de mortes de Covid-19 para meio milhão, o Brasil há algumas semanas registra queda nos indicadores da pandemia, o que os especialistas atribuem à aceleração do ritmo de vacinação.

A média diária de mortes na última semana foi de 1.252, frente a quase 3 mil vidas perdidas por dia na primeira quinzena de abril, durante o ápice da segunda onda.

O número médio de casos é inferior a 43 mil, após ter ultrapassado os 77 mil no final de junho. “Nós não estamos ainda numa situação confortável. Temos ainda número altíssimo de casos novos e ainda número alto de óbitos, mas naquelas faixas etárias que estão completamente vacinadas já vemos uma melhora significativa nos indicadores de internação e óbito”, disse a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), à AFP.

Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, as mais populosas do país, avançaram na vacinação de grupos-chave, como profissionais de saúde e educação, e estão convocando adultos de 30 a 40 anos para a primeira dose. O Rio promete imunizar toda a sua população com mais de 12 anos até o final de novembro.

A vacinação “tem caminhado numa velocidade menor do que a desejada, mas começa a mostrar efeitos claros. A vacinação também foi importante para que a suposta terceira onda não se concretizasse”, afirma Mauro Sanchez, epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB).

Incerteza diante da variante Delta

Em seu último boletim epidemiológico, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirma a melhora nos índices de casos e mortes, com tendência de queda há pelo menos três semanas. Além disso, pela primeira vez desde dezembro, nenhum dos 27 estados brasileiros apresenta ocupação superior a 90% de seus leitos de terapia intensiva para pacientes com covid.

Mas a circulação do vírus não está sob controle e especialistas alertam para o risco do surgimento de novas variantes ou de que a variante Delta – considerada mais contagiosa – se torne predominante.

Alguns estados encurtaram o intervalo entre a primeira e a segunda dose de algumas vacinas, na tentativa de antecipar a imunização completa. “O único cenário que pode mudar [a tendência de melhoria] é que novas variantes apareçam, ou que a Delta altere as taxas de transmissão no Brasil”, diz Maciel.

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