Nos últimos 12 meses, o Brasil registrou uma média de 4.678 tentativas de golpes financeiros por hora, realizados por meio de aplicativos de mensagem ou ligações telefônicas, segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os criminosos costumam se passar por funcionários de bancos para enganar as vítimas.
Nesse mesmo período, aproximadamente 2.500 pessoas por hora pagaram por produtos na internet que nunca foram entregues, e outras 1.680 tiveram seus celulares furtados ou roubados.
A pesquisa, que entrevistou 2.508 pessoas em todas as regiões do Brasil entre os dias 11 e 17 de junho, estima que o número real de crimes é superior ao registrado oficialmente, em parte devido à alta subnotificação. Apenas 30% das vítimas de golpes envolvendo Pix ou boletos falsos registraram boletim de ocorrência, enquanto 55% dos que tiveram seus celulares roubados ou furtados formalizaram a queixa.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum, destacou que “um quarto da população com 16 anos ou mais no Brasil já foi alvo de tentativas de golpes, evidenciando que o país enfrenta um ambiente extremamente perigoso”.
Os golpes via Pix e boletos falsos geraram um prejuízo estimado de R$ 25,5 bilhões em um ano. Já os furtos e roubos de celulares resultaram em um prejuízo de R$ 22,8 bilhões entre julho de 2023 e junho deste ano.
Embora alguns tipos de crime sejam menos comuns, ainda assim atingem um grande número de pessoas. O golpe da maquininha de cartão adulterada, por exemplo, afetou 2,6% dos entrevistados, o que representa 4,2 milhões de vítimas, com uma média de 482 casos por hora. As perdas financeiras para as vítimas desse golpe alcançaram, em média, R$ 1.142.
No total, 13 tipos de delitos avaliados pela pesquisa do Datafolha geraram um prejuízo de R$ 186 bilhões à população. Esses números incluem tanto os ganhos dos criminosos quanto os custos indiretos para as vítimas, como a necessidade de comprar um novo celular para substituir o aparelho roubado.
As tentativas de golpes virtuais, especialmente via aplicativos de mensagem e ligações, afetam principalmente pessoas que ganham entre 5 e 10 salários mínimos, vivem em cidades com mais de 500 mil habitantes e possuem ensino superior completo.
Esse grupo também é mais suscetível a outros crimes virtuais. Entre aqueles que já tiveram seus dados pessoais vazados na internet sem consentimento, 22% possuem renda superior a 10 salários mínimos.
Entre as pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos, 45% relatam terem sido vítimas de algum dos 13 crimes listados pela pesquisa. Nessa faixa de renda, um em cada cinco indivíduos já foi alvo de tentativas de golpes financeiros via aplicativos de mensagem ou ligações telefônicas.
