A indústria brasileira está se movimentando para enfrentar a escassez de arroz resultante das enchentes que inundaram parte das plantações no Rio Grande do Sul, o principal estado produtor do grão no Brasil. Com a necessidade de garantir o abastecimento, as atenções se voltam para a importação do produto da Tailândia, o segundo maior exportador mundial de arroz, após a Índia.
Andressa Silva, diretora-executiva da Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz), revelou que estão em andamento negociações para importar 75 mil toneladas de arroz, distribuídas em dois ou três navios. Essa medida visa aumentar a oferta do cereal no mercado nacional e assegurar a continuidade do abastecimento.
A preocupação em relação à oferta de arroz é justificada por diversos fatores:
- O Brasil consome praticamente toda a sua produção de arroz, sendo que 70% dela provém do Rio Grande do Sul.
- Inicialmente estimava-se que a safra atual alcançaria 10,6 milhões de toneladas do cereal, porém, devido às enchentes no Sul, esse número pode diminuir para menos de 10 milhões.
- Antes mesmo das enchentes, já se previa escassez de arroz para este ano devido aos baixos estoques e ao atraso no plantio no Rio Grande do Sul em decorrência das enchentes de 2023.
- Esperava-se uma contribuição de 7,5 milhões de toneladas de arroz vinda do RS nesta safra, porém, cerca de 800 mil toneladas podem ter sido perdidas devido às enchentes. Além disso, parte da produção armazenada em silos foi afetada.
A redução na oferta pode resultar em aumento nos preços do arroz. Para evitar especulações, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou que o governo está planejando adquirir 1 milhão de toneladas do produto por meio de um edital.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se pronunciou sobre a situação, afirmando que o Brasil está disposto a importar arroz, se necessário, para lidar com os prejuízos e garantir preços acessíveis para os consumidores.
Até o momento, não há um levantamento oficial das perdas causadas pelas enchentes devido à dificuldade de acesso às áreas afetadas. No entanto, estima-se que cerca de 100 mil dos 180 mil hectares de plantações de arroz que ainda precisam ser colhidos no RS estejam submersos, representando uma possível perda de 810 mil toneladas.
As áreas mais afetadas estão concentradas em municípios produtores da Região Central do Estado, como Cachoeira do Sul, São Sepé, Encruzilhada do Sul, Santa Maria, São Pedro do Sul e Santa Cruz do Sul.
