Empresários apostam em coalizão para sair da crise

Fonte: Agência de Notícias / Marinella Peruzzo

O segundo painel do Seminário da Competitividade, realizado nesta manhã (19), no Vestíbulo Nobre do Parlamento gaúcho, tratou da importância da competitividade para a retomada dos investimentos no estado e reuniu empresários, sob a mediação do secretário estadual de Planejamento, Governança e Gestão, Cláudio Gastal. Participaram do encontro, presencialmente, o diretor-geral da CMPC Brasil, Maurício Harger, o CEO das Empresas Randon, Daniel Randon, e, de forma remota, o presidente da John Deere Brasil, Paulo Herrmann.

O secretário Gastal abriu o debate com uma reflexão acerca das cinco forças motrizes que, a seu ver, estariam sendo moldadas nos próximos dez anos no país: a duração e intensidade da crise econômica e social gerada a partir da pandemia; a aceleração da conectividade da economia e da sociedade, com a redefinição total de alguns setores; a revisão do papel e da forma de atuação do Estado; a emergência de novas formas de relacionamento social; e a valorização da saúde pública.

A partir da fala do secretário, Daniel Randon mencionou a importância do chamado “ESG” (Environmental, social and governance) ou “Governança Ambiental e Social” no ambiente empresarial, lembrando que as companhias hoje tinham responsabilidades ambientais e sociais. Disse que, se antigamente elas quebravam por falta de caixa, hoje podiam quebrar também por sua reputação. Com relação à atração de empresas para o estado, citou como um primeiro fator a solidez fiscal. “Quem vem para o estado não olha para o curto prazo, olha para o longo prazo, e sabemos que esta falta de solidez fiscal que vem há anos, ou décadas, acaba deixando o estado sem serviços básicos”, disse, citando como exemplo o problema da segurança pública.

Entre os demais fatores a interferir na competitividade, apontou a infraestrutura e a carga tributária. Para ele, a posição geográfica do estado, distante dos principais clientes, poderia ser um obstáculo e a carga tributária precisava ser examinada em termos de tendência de longo prazo, não somente em termos imediatos. Ele reconheceu a preocupação dos últimos governos com o ajuste fiscal e disse que procurava ver o “copo meio cheio”, acreditando que o estado ainda oferecia muitas oportunidades.

Maurício Harger, da CMPC Brasil, comemorou a decisão da empresa logo no início da pandemia de manter todos os contratos e empregos e disse que, mesmo com todas as dificuldades e restrições impostas, obtiveram resultados positivos ao longo do ano. Contou que no início da crise falava-se em um “desafio triplo”, de manter a saúde dos trabalhadores, o emprego e a renda e as prateleiras dos supermercados e farmácias abastecidas, e que, posteriormente, acrescentou-se um quarto desafio, o de auxiliar as comunidades. Nesse sentido, a empresa, segundo ele, investiu mais de R$ 20 milhões em ações solidárias. O empresário apontou como diferenciais do estado os recursos humanos, ressaltando a lealdade dos funcionários, a abertura para o diálogo e aspectos logísticos.

Paulo Herrmann contou que ao ser convidado para o seminário preocupou-se com o que teria para dizer, uma vez que, se lhe perguntassem se a empresa construiria quatro fábricas no Rio Grande do Sul se chegasse hoje ao estado, a resposta seria “provavelmente não”, o que concluía com muita tristeza. Disse, porém, que, depois de assistir ao primeiro painel do seminário, com a presença do governador, do atual presidente da Assembleia e de seu sucessor, além de demais lideranças, havia mudado de opinião, passando a acreditar que havia solução para a crise que esta passava por uma ampla coalizão. “Nosso problema é eminentemente político e foi criado por uma conjunção de fatores extremamente danosos para o estado”, disse citando entre estes o “exacerbado domínio corporativo”, a irresponsabilidade de governantes das últimas décadas em conceder benefícios absolutamente impossíveis de serem cumpridos e uma omissão social sem precedentes.

Em uma segunda rodada de manifestações, os empresários refletiram sobre a necessidade de coalizão conforme apontado e as oportunidades para o RS em termos de atração de investimentos, diante da verificação de um rearranjo econômico global pós-pandemia.