‘Excluir não é cuidar’: Conselho Regional de Psicologia prepara ações para Dia da Luta Antimanicomial

SUL 21

O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) promoverá, em 18 de Maio, Dia da Luta Antimanicomial, uma série de ações em defesa do cuidado em liberdade e da completa substituição do modelo manicomial. O objetivo é alertar a sociedade que a exclusão jamais deve ser considerada uma forma de cuidado para pessoas em sofrimento psíquico ou que façam uso abusivo de álcool e outras drogas.

No dia 18, às 18h, o Conselho realizará uma projeção na fachada de um prédio na elevada do túnel da Conceição, no centro de Porto Alegre, e lançará uma História em Quadrinhos inédita, produzida especialmente para a data, que apresenta diferentes histórias de vidas, dilaceradas pela exclusão.

A Reforma Psiquiátrica abriu, nas últimas décadas, um campo de possibilidades e mudanças na forma de lidar com as enfermidades mentais, assinala a entidade. Com a substituição gradativa dos hospitais psiquiátricos por espaços de acolhimento em saúde mental presentes no território, os usuários de serviços de saúde mental, antes confinados aos manicômios, puderam acessar novas formas de atenção e cuidado, como o Acompanhamento Terapêutico, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou os Residenciais Terapêuticos, entre outros serviços.

“Cabe ressaltar, porém, que a superação do manicômio enquanto estrutura e enquanto lógica nunca se efetivou de fato, pois para além das estruturas físicas com modelos de internação que persistem até hoje como é o caso das Comunidades Terapêuticas e Hospitais Psiquiátricos, a lógica manicomial existe também nas práticas de segregação e desumanização associadas ao aprisionamento e à exclusão das diferenças e de sujeitos considerados ‘indesejáveis’”, afirma a psicóloga Cristina Schwarz, presidenta da Comissão de Direitos Humanos do Conselho.

Para Cristina, nos últimos anos, tem-se acompanhado o crescimento de políticas que adotam a segregação em espaços de confinamento como estratégia principal para o tratamento de pessoas em sofrimento psíquico e de usuários de álcool e outras drogas. “Marcadores sociais, econômicos e étnico-raciais são balizadores para o modelo de atendimento oportunizado, em que, não raramente, pretos e pobres são ainda mais excluídos do convívio com a sociedade, levados para lugares que aprisionam, como manicômios, prisões e comunidades terapêuticas, sob a justificativa do risco para si ou para a sociedade”, exemplifica.