Uma organização criminosa envolvida com contrabando de cigarros, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e comércio ilegal de armas de fogo foi alvo, na manhã desta quarta-feira, da operação “Fim de Linha” da Polícia Civil. A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, sob comando do delegado Diogo Ferreira.

Houve o cumprimento de 35 mandados de prisão preventiva e de 73 mandados de busca e apreensão nas cidades de Passo Fundo, Panambi, Ijuí, Vacaria, Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha, Alvorada, Soledade e Pelotas, além de bloqueio de 62 contas bancárias.

Até o momento 25 pessoas foram presas, sendo 21 preventivamente e quatro em flagrante por tráfico de drogas. Restaram apreendidos, dentre outros objetos, aproximadamente R$ 25 mil, 6 armas de fogo, 200 munições, cigarros, drogas e veículos

Nos bairros Petrópolis e José Alexandre Zachia, em Passo Fundo, foi constatado o monopólio das vendas de drogas e cigarros paraguaios. Posteriormente, a imposição alastrou-se por todos os bairros da cidade, com maior ênfase no tráfico de drogas.

No período, dois integrantes da facção foram presos com R$ 24 mil em dinheiro escondidos em um compartimento secreto no painel de um veículo. A dupla vinha semanalmente cobrar o percentual da lucratividade ilícita que era devido à organização criminosa.

O comando das atividades criminosas era proveniente do interior de estabelecimentos penitenciários, como a Cadeia Pública de Porto Alegre, a Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, a Penitenciária Modulada de Ijuí e o Presídio Regional de Passo Fundo.
Abaixo das lideranças encontravam-se distribuidores, gerentes, vendedores, coletores de dinheiro e contadores, entre outros.

Além disso, a equipe do delegado Diogo Ferreira constatou que a lavagem do dinheiro ilícito ocorria com negócios aparentemente legalizados, como restaurantes, lanchonetes, imóveis, quadra de futebol society.

Segundo os policiais civis, um dos métodos de crescimento territorial da organização criminosa é “tomar cidades” e eliminar a concorrência, captando os traficantes locais para integrarem a organização criminosa. Em caso de resistência, os resistentes à adesão eram eliminados.

No narcotráfico, os agentes da Draco de Passo Fundo tiveram a atenção despertada para a presença de cocaína peruana, chamada comumente de “peixe”, que é muito valorizada por sua pureza e qualidade. Ela é adquirida em forma de “pedra prensada” pelos traficantes por cerca de R$ 50 mil o quilo. As remessas semanais giravam entre 15 quilos e 20 quilos. Já a cocaína mais “simples” tinha preço variado entre R$ 30 mil e R$ 35 mil o quilo. Havia ainda a venda de dezenas de quilos de maconha, haxixe e crack, bem como centenas de cartelas e milhares de unidades semanais de drogas sintéticas e centenas de litros de loló.

Um dos investigados é um traficante que cumpre pena no Presídio Regional de Passo Fundo. Ele atuava como gerente do tráfico de drogas e cuidava de uma movimentação mensal em torno de R$ 400 mil, além manter de contatos com criminosos em liberdade envolvidos em diversos crimes como furto a estabelecimento bancário, roubo a residência, roubo de veículo e homicídio. Ele também possuía uma banca de jogo do bicho que coordenava de dentro da cela.

A operação, que contou com apoio aéreo do helicóptero da Polícia Civil, teve participação ainda da Brigada Militar, da Polícia Federal, da Superintendência dos Serviços Penitenciários, sendo mobilizados cerca de 320 agentes de segurança, dos quais 280 eram policiais civis.