Pelo menos 10 famílias fugiram, no fim de semana, do território indígena da Serrinha, entre os municípios de Ronda Alta e Engenho Velho, no norte do Rio Grande do Sul. Eles são opositores do cacique Márcio Claudino e foram expulsos em meio à troca de acusações sobre arrendamentos ilegais de terras e disputa pelo poder naquela área, onde vivem 1,8 mil índios caingangues.

Na quinta-feira passada, 14, um grupo de opositores protestou contra Claudino e foram detidos pelos seguidores dele, numa prisão improvisada.

Nove opositores ficaram detidos num cubículo, por 22 horas. Eles dizem terem sido espancados e que ficaram sem alimentação e nem água.

Imagens das agressões que constam no inquérito policial registrado na Polícia Civil. Foto: Arquivo pessoal / Reprodução
Imagens das agressões que constam no inquérito policial registrado na Polícia Civil. Foto: Arquivo pessoal / Reprodução

Como se não bastasse, foram, segundo eles, espancados a pauladas. O que causou ferimentos nas cabeças e costas dos indígenas, com apresentados nas fotografias.

A confusão começou no sábado, dia 16, quando opositores do cacique se reuniram e tentaram obstruir a rodovia que liga Ronda Alta a Passo Fundo. Eles foram hostilizados por apoiadores do cacique, que teria ajudado a persegui-los – segundo relatos feitos à Polícia Civil.

Já na versão de Márcio Claudino, ele circulava próximo a uma lavoura com outros três índios, na sua caminhonete, quando foi vítima de uma emboscada. O veículo levou 27 tiros, mas os ocupantes não se feriram.

Seus apoiadores foram atrás dos atiradores e mataram dois caingangues, que seriam os autores dos tiros.

Ainda incendiaram uma casa e quatro veículos dos opositores, que fugiram pelas lavouras.

“O cacique liderou o ataque, disparou, mas agora fala que sofreu uma emboscada. Desconfiamos muito dessa versão”, diz uma das opositoras de Claudino.

Os índios mortos não puderam ser velados no Alto Recreio, porque havia risco de confronto.

GAUDÉRIO NEWS TV