O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) ameaçou, nesta segunda-feira (28/4), propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, em protesto contra a possibilidade de mudança na cor do segundo uniforme da Seleção Brasileira. Segundo informações preliminares, a nova camisa reserva — tradicionalmente azul — pode ser lançada na cor vermelha pela Nike, fornecedora oficial da equipe.
A reação do parlamentar foi veemente. Em vídeo publicado nas redes sociais, Cleitinho criticou a mudança, argumentando que a bandeira do Brasil não contém a cor vermelha. “A Copa do Mundo é feita por seleções. As seleções são representadas por sua bandeira. A bandeira do Brasil tem vermelho?”, questionou.
O senador também levantou suspeitas de motivação política por trás da decisão. Segundo ele, a alteração seria uma tentativa de “desassociar” a camisa amarela da imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), muito associada por seus apoiadores ao uniforme principal da Seleção. “Eles querem fazer politicagem e ideologia, acabando com uma tradição de uma camisa que é verde e amarela”, declarou, insinuando que a mudança estaria ligada ao calendário eleitoral e à próxima Copa do Mundo, que acontece em 2026.
Apesar da indignação de Cleitinho, especialistas em história do futebol apontam que é comum seleções adotarem cores que não correspondem diretamente às suas bandeiras. Exemplo disso é a Itália, cuja camisa azul é referência à monarquia; o Japão, que joga de azul mesmo tendo uma bandeira branca e vermelha; e a Alemanha, tradicionalmente de branco, mesmo com bandeira preta, vermelha e amarela.
Vale destacar que a alteração seria apenas no uniforme reserva — o tradicional manto amarelo, adotado após a derrota de 1950, seguirá como o principal. A camisa azul como segunda opção surgiu em 1958, na final da Copa contra a Suécia.
A CBF e a Nike ainda não oficializaram a mudança. Contudo, o debate já gerou polêmica nas redes sociais e entre políticos, com a possibilidade de uma CPI aumentando a tensão entre o futebol e o ambiente político.