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sábado, setembro 14, 2024
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Abril Azul: sociedade mais consciente é também menos preconceituosa e mais inclusiva

Texto: Assessoria de Comunicação Apae Três de Maio   |    Jaqueline Peripolli /    Fotos: Divulgação

Estamos no mês mais importante para a comunidade envolvida na causa autista: a campanha Abril Azul visa conscientizar a população sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). É necessário trazer visibilidade ao tema, pois uma sociedade mais consciente é também menos preconceituosa e mais inclusiva.

O TEA é uma condição do neurodesenvolvimento de início precoce, caracterizado por prejuízos na comunicação e interação social associados a comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos. A explicação é da psicóloga Carina Mayer Mirowski, que atua na Apae de Três de Maio.

Segundo ela, o TEA é classificado em três níveis, relacionados com a capacidade de comunicação/interação social e padrões de comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos, que irão impactar diretamente em quanto esta pessoa será́ funcional e o apoio necessário para isto.

“O Nível 1 é o bom funcionamento com apoio. Na ausência de apoio, déficits na comunicação e interação social, assim como padrões comportamentais, podem causar prejuízos notáveis. O Nível 2 exige apoio substancial, porém, há prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio (funcionamento mediano). E o Nível 3 exige apoio muito substancial e ainda assim apresenta graves prejuízos em seu funcionamento; apresentam déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal”, afirma.

Carina destaca que o profissional de psicologia atua de acordo com cada demanda e conforme os níveis de comprometimento da pessoa com TEA, pois cada pessoa que possui o transtorno tem sua forma individual de adquirir suas competências. O psicólogo também realiza atendimento individual ao paciente em diferentes faixas etárias, como estimulação precoce, atendimento infantil e ao adolescente, e atende os familiares e cuidadores com a finalidade de orientação e psicoeducação em relação ao diagnóstico, assim como um trabalho conjunto com as escolas nos casos de inclusão.

No atendimento psicológico, paciente recebe orientações de manejo social, da adolescência, assim como modos de enfrentamento das situações, entendimento de suas limitações e orientação sobre uso adequado de suas potencialidades

Atualmente, a Apae de Três de Maio atende 55 pacientes com Transtorno do Espectro Autista, que recebem atendimentos de uma equipe interdisciplinar. Dentre eles está o William Adriano Bastian, de 16 anos. De acordo com a psicóloga, ele chegou para avaliação na instituição em janeiro do ano passado, com 15 anos, encaminhado pela médica da rede básica de saúde por apresentar movimentos repetitivos e sensibilidade a barulhos, segundo relato do encaminhamento.

“O William realizou avaliação com todos profissionais que formam a equipe de saúde apaeana e, após, recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista pelo médico neurologista. O processo de receber o diagnóstico foi realizado em forma de orientação para os familiares a fim de auxiliar nas principais demandas dele, que já eram observadas no ambiente familiar.”

Desde então, William recebe atendimentos semanais na área de psicologia e de terapia ocupacional na instituição. Carina acrescenta que, juntamente com as orientações para a família, também foi realizado um trabalho na escola que William frequenta, para esclarecer as suas principais demandas, assim como as suas potencialidades.

“No atendimento psicológico, William recebe orientações de manejo social, da adolescência, assim como modos de enfrentamento das situações, entendimento de suas limitações e orientação sobre uso adequado de suas potencialidades. Ele possui desempenho acima da média para a sua idade conforme avaliação quantitativa”, descreve Carina.

 

‘Por mais difícil que foi receber o diagnóstico de TEA do William, encarei como uma luz no fim do túnel, porque chegava ao fim a busca por uma resposta e, ao mesmo tempo, iniciava uma nova jornada’

A dona de casa Edilene Sibele Goettems de Oliveira, de Três de Maio, é mãe do William, de 16 anos. Há pouco mais de um ano ela recebeu o diagnóstico de TEA do filho. Ela relembra que notava algo diferente no filho desde que era pequeno, mas não sabia o que era. “Ele deitava no chão e ficava horas olhando as rodinhas dos carrinhos. Gostava muito de sequência de números, letras e cores, e eu achava aquilo estranho. Quando eu o chamava, não me atendia. Ao conversar sobre minha desconfiança com a família, diziam que ‘era coisa da minha cabeça’”.

Os primeiros passos e as primeiras palavras do filho também demoraram um pouco mais que o convencional para acontecer, segundo Edilene. “Levei ele consultar, mas ele não tinha problemas de saúde. Alguns comportamentos que ele tinha, que hoje sei que são do TEA, acabaram se acentuando. Na escola, me orientaram a procurar um psicólogo, o que não fiz. O William sempre foi um aluno exemplar e muito inteligente. Certa vez, ele desmaiou depois de uma crise e o levamos para consultas e exames até em Porto Alegre. Algum tempo depois, veio o diagnóstico de que ele tinha um pequeno sopro no coração, mas que havia ‘fechado’. Então as crises que ele tinha derivavam de outra coisa, mas não se sabia do quê”, recorda.

Um pouco antes do início da pandemia, Edilene revela que o filho começou a ter crises mais frequentes. Ela procurou informações na internet e, ao pesquisar pelos comportamentos do filho, encontrou dados sobre o autismo. “Foi então que busquei ajuda no posto de saúde ao qual pertencemos e a médica nos encaminhou para a Apae, pois ele não apresentava problemas físicos de saúde e era necessário investigar.”

No início de 2022 ela foi até a Apae. “Desde o primeiro dia em que estive na instituição me senti como se estivesse na ‘casa da mãe’, que é onde a gente busca acolhimento e é bem tratado. “Fui muito bem recebida e me senti bem; é um local agradável com pessoas amorosas e muito profissionais”, descreve.

Então, depois de algumas sessões com a equipe apaeana, Edilene recebeu o diagnóstico do filho: autismo leve. Desde lá William frequenta a Apae uma vez por semana para atendimentos de saúde com a psicóloga e com a terapeuta ocupacional. “Por mais difícil que foi receber o diagnóstico de TEA do William, encarei como uma luz no fim do túnel, porque chegava ao fim a busca por uma resposta e, ao mesmo tempo, iniciava uma nova jornada. Eu fui no lugar certo, com os profissionais certos. Por isso, tenho grande gratidão pela Apae de Três de Maio.”

William mora com a mãe, com os irmãos Ana Luiza de Oliveira, de 7 anos, e Ânderson Claudir de Oliveira, de 6 anos, e com o padrasto Roque Claudir de Oliveira. Edilene diz que a família está mais compreensiva com o William, sendo que a cada sessão dele ela realiza uma conversa em casa com todos.

“Cada dia é um novo dia para aprender. Hoje eu vejo o mundo diferente, através do meu filho, e busco saber e me informar mais sobre o TEA e como posso ajudar ele e também outras mães, compartilhando experiências. ‘Nós temos que entender o mundo deles, e não eles o nosso mundo’: esta é uma das frases que eu ouvi e jamais vou esquecer. E no que depender de mim, farei o possível e o impossível para ver meu filho bem. Deus me escolheu para gerar e cuidar do William. Ele é muito especial e muito amado. É o meu orgulho. E ver meu filho evoluindo e estando feliz é também a minha felicidade”, finaliza Edilene.

 

‘Me sinto bem com os atendimentos’

William estuda no Instituto Estadual de Educação Cardeal Pacelli, na turma do 2°C do Ensino Médio. Ele conta que, no início dos atendimentos na Apae, achava estranho, pois era algo que nunca imaginou precisar. “O tempo foi passando e comecei a gostar de ir. Me sinto bem com os atendimentos com a psicóloga Carina e com a terapeuta ocupacional Daniela.”

Ele acrescenta que o pai, Adriano, que reside em Santa Rosa, no início, não aceitava o diagnóstico. “Hoje já aceita, mas ainda sinto uma espécie boba de preconceito. Já minha mãe sempre diz com sinceridade e orgulho que sou autista. Inclusive foi por solicitação dela que a Carina foi até a escola onde estudo conversar com os professores e com meus colegas sobre o autismo e mostrar o trabalho da Apae. E o resultado foi positivo. Me sinto melhor na escola. Meus colegas e professores me dão mais atenção do que antes e eu não preciso esconder minha identidade, pois antes eu tinha que fingir ser aquilo que não era.”

Em casa, o relacionamento com os irmãos é ‘bem de boa’, segundo William. “A mãe os orienta sobre mim da melhor maneira que eles possam entender e assim também da mesma forma com meu padrasto, explicando as minhas dificuldades, os cansaços físicos e modo de agir”, conclui.

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