O ano de 2024 é um triste capítulo na história da saúde pública no Brasil. Um combo de fatores, agravado pela ineficiência dos governos federal,
Os casos de dengue já estão na casa dos milhões por todo o território nacional. Já se sabe que alguns dos mosquitos transmissores, da espécie Aedes aegypti, estão nascendo contaminados com dengue e zika ao mesmo tempo. Nesse contexto dantesco, pesquisas mostram que a porcentagem de óbitos por chikungunya, quase sempre tratada como “pouco perigosa”, é ainda maior que da própria dengue.
No tocante à ineficiência governamental, ela é gritante. Começou-se a vacinar tarde para dengue, por exemplo, somente em fevereiro de 2024, quando a endemia já vinha desde novembro ou dezembro de 2023. Faltam vacinas, como citado. São quatro cepas, e todas estão circulando no Brasil, aqui encontraram um “lar” para se desenvolverem livremente. Faltou e falta planejamento estratégico e incisivo na Saúde em nosso país, problema que já é antigo, mas, diante da proliferação de doenças este ano, se tornou gritante e impossível de ser ignorado.
Por outro lado, fala-se em escassez de recursos para tantas dificuldades. Será, mesmo? Sabemos que há um rombo histórico na economia brasileira em 2024, que tem como principais “muletas” do governo federal os impostos e taxas cada vez mais abusivos cobrados. Empobrecem cada vez mais o povo, deteriorando o potencial de Serviços e do Agro – que lideram as fontes do PIB nacional – e da indústria brasileira.
Segundo o IBGE, em 2021 o Brasil investiu somente 9,7% do PIB em Saúde, o que persiste em 2024 (para se ter uma ideia, em 2021 os Estados Unidos injetaram cerca de 18% em Saúde, em meio à pandemia). E o que é necessário dizer, e não se pode negar, é que os poucos recursos públicos no Brasil sempre foram muito mal utilizados (e suas utilizações, mal-explicadas), com desvios imensos de verbas e licitações suspeitas para empresas nada ilibadas. Isso, é claro, sem falar no pouco investimento em Saúde na nossa terra brasilis: parecem mais preocupados com as “emendas secretas”, renomeadas de “emendas adicionais”, para negociar cargos, projetos e alianças entre políticos e o Judiciário. São dezenas de bilhões nessa “brincadeira” (com o bolso do povo). .
Enfim, a crise sanitária na “terra onde canta o sabiá”, como poetizou Gonçalves Dias, é apenas um retrato da ineficiência e do descaso dos governos com o bem-estar social do povo. Além da saúde física, temos os crescentes casos de transtornos de saúde mental – já está comprovado que os países com maiores índices de suicídio têm mais injustiça social, pobreza e falta de qualidade na Educação. E é claro que não se pode culpar apenas quem governa o Brasil, embora sejam os maiores responsáveis e detentores de recursos na sociedade, mas não podemos deixar de lembrar que a união de esforços do poder público com a sociedade civil e profissionais de saúde é fundamental.
O povo pode e deve cobrar quem elegeu e quem os atende, principalmente na rede pública de saúde, e, ainda, procurar meios de conscientizar e auxiliar para que haja maior qualidade de vida e na assistência médica e psicológica no país. O povo jamais pode ter tolhido, em uma democracia de fato, sua liberdade de expressão e de crítica aos governantes: “democracia” significa, exatamente, “governo que emana do povo”, que é o ente que deve deter o maior poder de decisão e opinião em suas mãos.