A Inteligência Artificial vai roubar nossos empregos?

Eu até chamaria nossos tempos de Era da Inteligência Artificial (EIA)

Inteligência Artificial (IA), sem dúvidas, é um dos assuntos do momento. Eu até chamaria nossos tempos de Era da Inteligência Artificial (EIA). É claro que a IA já existe há um bom tempo, mas nunca foi tão dominante e influente como é agora e daqui para frente será.

E, como toda tecnologia, é uma faca de dois gumes: muita gente está otimista com o que a IA já está fazendo nas áreas de Saúde e Educação, por exemplo; mas, muito se questiona sobre a possibilidade de a IA “roubar o trabalho humano” e substituí-lo por máquinas. Ou até substituir seres humanos em variadas situações, de maneira estranha e desumana.

A visão da tecnologia como ameaça é tão antiga quanto a própria tecnologia, que vem do grego “techne”,com dois significados clássicos: atividade de fazer do artesão e a atividade de imaginar do pensador ou filósofo.

Daí que, como toda tecnologia, a Inteligência Artificial acaba provocando, ao mesmo tempo em que esperança e satisfação, receio. Até porque, em mãos erradas, ou com intenções erradas, toda tecnologia, de fato, pode ser danosa. Com a Inteligência artificial não é diferente.

Mas a IA poderá, mesmo, roubar milhões, ou até bilhões de empregos? E mais, substituir seres humanos, tornando a vida mais “desumana” e maquinal? Poderá “tirar meu trabalho”, me tornar obsoleto? Muitas profissões já desapareceram, e vão continuar desaparecendo devido a novas inovações. Mas a inovação deve vir, em primeiro lugar, para fazer o mundo e as pessoas se desenvolverem.

Assim, acredito que pessoas nunca serão totalmente substituídas pela máquina. A máquina não tem consciência, não tem sentimentos – isso é o que nos faz humanos. Mas o quão humana uma tarefa precisa ser?, você pergunta. Depende da tarefa. Nem tudo pode substituir o “toque” humano, isso é certo.

Além disso, por trás de toda tecnologia há – para o bem e para o mal – a mão humana. Eu sei, é antigo o medo de que as máquinas controlem o mundo, dizimando a humanidade. Não digo que isso não possa acontecer – mas será, certamente, por mãos humanas, ainda que indiretamente. Até porque as máquinas, em especial a Inteligência Artificial, procuram, primordialmente, imitar o pensamento e os atos humanos, tornando-os mais práticos, rápidos e eficientes, por suposto.

Desde uma máquina que joga xadrez até uma máquina que, através da IA, aprende os gostos e necessidades das pessoas para personalizar ofertas de produtos e serviços, como já vem acontecendo.

Destarte que, mais do que nunca, na Era da Inteligência Artificial, Era das Telas, vivemos, sim, um processo – já provado por especialistas – de mudanças nas estruturas do nosso cérebro, devido ao apego excessivo da maioria de nós às telas.

Estamos vendo a geração millenium apresentar um Q.I. mais baixo que a geração anterior, ao contrário do que costumava ocorrer na história da humanidade. E estamos ficando “menos humanos”, mais maquinais, estamos aprendendo com as máquinas enquanto elas aprendem com nós. Mas esta é uma discussão complexa: a “desumanização do ser humano”. O ponto, aqui, restringe-se ao fato de a Inteligência Artificial (tecnologias que buscam imitar o cérebro humano) roubar nossos empregos, nossas funções, nosso lugar no mundo. Portanto, substituírem o humano.

É claro que, como sempre ocorreu diante de novas tecnologias, principalmente a partir da Primeira Revolução Industrial, com a introdução da mecanização em massa, pessoas perderam seu trabalho, foram substituídas por máquinas. Ao mesmo tempo, novas funções e profissões foram criadas.

Por exemplo, a área de Tecnologia da Informação (TI) nunca precisou de tantos funcionários – não bastam as máquinas, mas quem saiba dizer o que elas devem fazer, e de que modo. O setor de TI só se expande, e várias áreas profissionais estejam em franco crescimento e aprimoramento, como Saúde e Saúde Mental, Educação, Administração, Design, Agronegócio, Economia e quase todos os setores da indústria, inclusive o entretenimento.

Portanto, você e eu, como funcionários (ou patrões) podemos alavancar nossas carreiras com a ajuda da IA. Basta saber “surfar na onda” e aproveitar oportunidades. Para isso, é necessário estar “antenado”. Um profissional antenado a novas tecnologias não ficará, a priori, desempregado, ainda que seja realocado.

Talvez seja necessário que, como pessoas e trabalhadores, nos reiventemos junto com as novas tecnologias. A Inteligência Artificial veio para ficar, não há como retroceder, e nossa preocupação deve ser, antes de tudo, como aproveitá-la a nosso favor, profissional e pessoalmente.

Enfim, a Inteligência Artificial sempre vai ser, como diz seu nome, artificial. A nossa, não. E não podemos permitir que ela diminua nossa capacidade de pensar e escolher, antes, amplie nossa condição humana. Para isso, precisamos não depender tanto das telas e da IA, manter relacionamentos saudáveis com pessoas “reais”, olho no olho, e atividades que não excluam a natureza, o ar puro, muitas vezes o abraço, o toque, o analógico.

Para terminar, ainda que haja a proliferação de inteligências artificiais, máquinas e telas, ecoa em mim uma antiga música do Balão Mágico que lembro ter ouvido na infância: “Depende de nós / Se este mundo ainda tem jeito / Apesar do que o homem tem feito / Se a vida sobreviverá”.

Tudo na vida são escolhas – não da máquina, mas de quem as utiliza ou cria. Nós, seres humanos. Ninguém vai roubar nada de você, a não ser que você permita, ou que você não se reinvente.