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sexta-feira, abril 26, 2024
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A ira nas redes sociais: por que o ódio e o bullying precisam ser mais combatidos pelas plataformas digitais

Muito se tem falado no combate a Fake News e desinformação nas redes sociais. Mas, a meu ver, o problema mais grave no ambiente digital hoje é que este se tornou um palco imenso e “seguro” para um tipo lamentável e destrutivo de comportamento: o ódio, a agressividade e o bullying que saltam aos olhos na sociedade brasileira. Insultos, ameaças e preconceitos entre os usuários são cada vez mais comuns. E o pior: muitas vezes, são pessoas covardes que se mantêm “protegidas” em perfis falsos.

Sobre os fatores que alimentam essa “epidemia de ódio” no Brasil, podemos citar o fato de que nosso país atravessa um momento difícil e extremamente instável, com uma polarização política nunca antes vista. Além de questões econômicas e sociais, que, ao contrário do que muitos dizem, fazem da nossa terra um lugar hostil, sem qualidade de vida e com crescente desigualdade social. O que leva a uma crise moral sem precedentes e, por conseguinte, ao desequilíbrio emocional de muita gente.

E por que a Internet é um lugar tão propício para que todas essas mazelas sejam expressas, em forma de discursos de ódio, menosprezo, intolerância e até maldade?

Em primeiro lugar, o anonimato possível atrás de uma tela, com perfis falsos ou que omitem informações vitais de seus proprietários. Além disso, há mais desinibição quando não se fala olho no olho, ao vivo, e com apoio de grupos que se unem para agredir pessoas e outros grupos que pensam diferente.

Outro fator é a variedade de redes sociais para “destilar ódio”. E o pior: as políticas de uso e boas maneiras da maioria das plataformas são ótimas, coerentes e consistentes – mas apenas na teoria. Raramente quem pratica ódio, ameaças e bullying, e é denunciado, é punido. Como se apenas bloquear alguém fosse suficiente, após o “estrago já ter sido feito” na mente da vítima.

Esse é um assunto muito sério. Casos de ansiedade, depressão e até suicídio estão aumentando no Brasil (enquanto, oficialmente, regridem no Primeiro Mundo), em grande parte, devido à “ditadura das telas” na Era Digital, das redes sociais que “passam pano” para ódio, preconceito (não só de cor e gênero sexual, mas de todos os tipos) e o descarregar de frustrações por pessoas maldosas em direção a gente que é muitas vezes é vulnerável, ou não está agindo de má-fé.

Não urge regular as redes sociais. Para Fake News e desinformação, temos processos de calúnia e difamação, e a checagem da veracidade de notícias, apesar de poderem depender do ponto de vista de cada um. Além disso, como poderíamos entregar o que é ou não falso ou verdadeiro nas mãos de pessoas totalmente politizadas, que consideram apenas suas visões? Isso se percebe pela parcialidade e pelo partidarismo notórios em muitas das resoluções do atual governo, que deseja contrariar a Constituição Federal de 1988 e tolher a liberdade de expressão, com comissões escolhidas a dedo para moderar o que pode ser dito. Impossível!

Sobre a liberdade de expressão, ela vai até onde não infringe a Lei, mas também até onde respeita opiniões divergentes. O que não é verdade para você, pode ser para mim, e não acredito em um Tribunal da Verdade. Esses tribunais políticos reguladores são típicos de regimes ditatoriais, em que a Lei são os próprios governantes, como no socialismo, fascismo e em regimes islâmicos não laicos. Porém, o Brasil é um lugar laico, sem governo religioso, e, oficialmente, democrático.

Mas voltando às políticas ineficazes da maioria das plataformas digitais hoje, que “fazem vista grossa” a denúncias de bullying e discurso de ódio: eu mesma cansei de reportar xingamentos e ameaças, e em 99% dos casos não fui atendida. “Não violava as normas da comunidade”. Então eu poderia apenas bloquear o perfil acusado. Lendo as normas das redes sociais, ficam claros a exigência de respeito, a condenação do bullying e do discurso de ódio e o repúdio a informações comprovadamente falsas. Pena que essas diretrizes não são cumpridas. Bastava que fossem!

Eu sei que o volume de denúncias é grande. Mas os danos mentais e sociais são maiores. Então, melhorem os algoritmos, aumentem as equipes de Inteligência Artificial e humana (acho necessário ter um “toque humano” para tratar de realidades humanas), invistam dinheiro e tempo nisso. Porque a moderação de conteúdo é falha nas redes, e os mecanismos de denúncia, ineficientes. Isso gera uma sensação de impunidade, e mais ódio pela impunidade, e, ao mesmo tempo, potencializa o ódio pela liberdade de poder agredir sem ser penalizado.

Para finalizar: caso se sinta vítima de agressão, ameaças ou bullying, mesmo de perfis fakes, denuncie. Se a plataforma não responder, como ocorre na maioria dos casos, recomendo que se apegue a profissionais de saúde, além de amigos, familiares e até, se necessário, autoridades competentes, como no campo jurídico. Certamente podemos nos mobilizar mais para combater, por nós mesmos ou por grupos dos quais fazemos parte, a agressão, o bullying, a degradação moral nas plataformas digitais.

Todo mundo tem direito a opinar, mas sempre pode ser com respeito, tolerância a quem pensa diferente, sem xingamentos e com argumentos, e sem incitação ao ódio de outras pessoas. Proteja-se. Se necessário, diminua a utilização das redes sociais, selecione melhor os perfis que segue ou que precisa bloquear, cuide de sua saúde mental e integridade física. As redes sociais podem ser ótimos espaços para trocar ideias, informações e até mudar pensamentos: utilize com sabedoria.

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