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sexta-feira, setembro 20, 2024
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Crise argentina deve impactar economia do RS

Com desvalorização de quase 20% do peso, produtos locais perdem na competição com importado   |  Com informações - Karina Reif e Patrícia Feiten / Correio do Povo

Em decorrência do avanço do candidato ultraliberal Javier Milei nas eleições primárias na Argentina, o peso argentino sofreu uma desvalorização de 18,3%, caindo de 298,50 na sexta-feira para 365,50 no dia seguinte. Como o país vizinho mantém uma parceria comercial significativa com o Rio Grande do Sul, diversos setores, incluindo indústria, serviços e agronegócio, deverão enfrentar consequências.

Gustavo Inacio de Moraes, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, analisa que os produtos brasileiros provavelmente enfrentarão reduzido espaço no mercado argentino devido à diminuição do poder aquisitivo de famílias e empresas. Entretanto, esse impacto deverá ser sentido aproximadamente daqui a três ou quatro meses. “A desvalorização cambial já estava em curso, mas adquiriu maior magnitude em virtude do cenário político”, afirmou.

Uma consequência adicional é que os produtos argentinos se tornarão mais competitivos em relação aos produtos locais, o que aumentará a concorrência com a indústria gaúcha. O setor de serviços também poderá ser afetado, pois é provável que mais brasileiros optem por passar férias na Argentina em detrimento de destinos nacionais.

O agronegócio, por sua vez, será grandemente influenciado, de acordo com Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Espera-se um aumento nas exportações de produtos como carne, vinho e, sobretudo, leite da Argentina para o Brasil. “Os produtos que importamos deles se tornarão ainda mais acessíveis para nós, conferindo-lhes uma vantagem competitiva artificial”, argumenta o economista.

No contexto da pecuária leiteira, essa perspectiva é particularmente preocupante, visto que o setor já está enfrentando prejuízos devido ao aumento das importações de países do Mercosul. Entre janeiro e julho deste ano, o Brasil importou cerca de 135,5 mil toneladas de leite, creme de leite e produtos lácteos (exceto manteiga e queijo), um crescimento de 211,8% em relação ao mesmo período de 2022, conforme dados do governo federal.

Em relação aos grãos, como arroz e trigo, Da Luz observa que o impacto será mitigado, pois a Argentina enfrentou uma estiagem grave, o que limitou sua produção. O Departamento de Economia e Estatística destaca que, de janeiro a julho, o mercado argentino adquiriu cerca de 693,3 milhões de dólares em produtos do Estado, correspondendo a 5,8% do total. No ano passado, esse valor atingiu 1,27 bilhão de dólares, equivalendo a 5,6% do total.

A decisão do Banco Central provocou a exibição de um preço do dólar de 365,50 pesos na lousa digital do Banco Nación, em comparação com os 298,5 pesos do fechamento na sexta-feira anterior às eleições primárias, que visavam selecionar os candidatos para as eleições presidenciais de 22 de outubro. As coalizões contrárias ao governo peronista de Alberto Fernández defendem a desvalorização do peso e receberam quase 60% dos votos nas primárias. Os títulos em dólares e as ações argentinas na Wall Street registraram uma queda média de mais de 10%. O principal índice da Bolsa de Valores de Buenos Aires recuou 0,3%.

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