Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central e ex-‘número 2’ do Ministério da Fazenda no governo Lula, continuará como presidente interino do Banco Central por mais 15 dias devido às férias de Roberto Campos Neto, que começam nesta quinta-feira (4) e vão até 19 de julho.
Galípolo já estava no comando interino desde a última sexta-feira (28) devido à viagem de Campos Neto a eventos oficiais na Suíça e Portugal. Esse período de 21 dias consecutivos como presidente interino é visto como uma possível fase de transição, caso o presidente Lula confirme a indicação de Galípolo para a presidência do Banco Central no próximo ano.
A interinidade de Galípolo coincide com um momento de forte valorização do dólar frente ao real, que foi parcialmente interrompida pelas declarações do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o compromisso com a responsabilidade fiscal.
Haddad previu uma acomodação do dólar e espera uma reversão da recente alta da moeda americana. O governo acredita que a alta foi pontual e que o cenário vai melhorar com as sinalizações de corte de gastos em estudo pela equipe econômica e pelo Palácio do Planalto.
A diretoria de Galípolo é responsável pela área de câmbio no BC. Na terça-feira (2), uma leve queda na cotação do dólar foi atribuída a rumores de que o BC teria feito consultas a tesourarias de bancos para atuar, embora esses rumores não tenham sido confirmados.
Lula está sendo aconselhado a antecipar a indicação do futuro comandante do BC. O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro, mas há um trâmite a ser seguido, conforme a lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021. O presidente da República indica os nomes para a cúpula do BC, que são sabatinados na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e depois levados ao plenário para aprovação.
Com Campos Neto de férias, espera-se que diminuam os ataques de Lula ao presidente do BC. Recentemente, Lula chamou Campos Neto de “adversário político e ideológico” e disse que ele trabalha contra o Brasil. Galípolo, por outro lado, mantém um canal direto com o presidente desde que deixou o cargo de secretário-executivo da Fazenda e assumiu o posto no BC. Campos Neto costuma sair de férias nesse período do ano, tendo tirado férias em datas similares nos últimos três anos.
