Após sofrer uma significativa derrota no Congresso Nacional e diante das críticas vindas de setores importantes da economia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, caracterizou o Brasil como um país “complexo” e “desafiador de administrar”.
Durante um evento promovido pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL) em São Paulo, Haddad expressou sua frustração com o atual cenário político e econômico, lamentando que nem sempre aqueles em posições de poder atuem em prol do interesse público:
“Às vezes, quem está no poder não está colocando os interesses do país em primeiro lugar. Isso é uma das coisas mais tristes da vida pública”, afirmou o ministro.
A fala de Haddad foi pontuada por protestos da plateia, que clamava pelo afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), evidenciando o clima de insatisfação presente no evento.
Além disso, o ministro criticou a falta de diálogo em Brasília, lamentando que as visitas à capital federal muitas vezes se resumem a defender-se das decisões em curso:
“Quando vamos a Brasília, não estamos realmente dialogando com o serviço público. Estamos lá para nos defender do que está sendo decidido”, destacou Haddad.
Ele também questionou a prioridade dada a questões que, em sua visão, não são urgentes nem benéficas para a população:
“A todo momento, estamos apreensivos: que leis serão aprovadas? O que estão tramando? Por que não se dedicam a assuntos sérios que realmente mudam a vida das pessoas? Por que tanto alvoroço para criar conflitos na sociedade e divisões nas famílias?”, ponderou o ministro.
Na mesma semana, Haddad enfrentou sua mais severa derrota no Congresso, num contexto de crescente preocupação fiscal e volatilidade nos mercados financeiros. A medida provisória que restringia a compensação de créditos do PIS/Cofins, especialmente afetando o agronegócio e os exportadores, foi amplamente devolvida pelo presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), gerando descontentamento entre líderes empresariais.
Eles argumentam que estão sendo sobrecarregados com o ajuste fiscal enquanto o governo não revisa suas próprias despesas.