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sábado, setembro 14, 2024
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Mulher acusada pelo assassinato de fotógrafo em Canoas é absolvida

Por Fabiano Ruppenthal

Paula Caroline Ferreira Rodrigues, 29 anos, acusada de matar o fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni há oito anos, em Canoas, foi absolvida pelo Tribunal do Júri nesta sexta-feira (15). A sessão se iniciou às 9h58min no Foro da Comarca de Canoas e se encerrou às 21h20min, quando a juíza Geovanna Rosa leu a sentença.

A ré respondia pelos crimes de homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima — e ocultação de cadáver. Já julgado, o outro réu do mesmo processo criminal, Juliano Biron da Silva, apontado como um dos líderes de uma facção criminosa que atua no Vale do Sinos, foi condenado a 18 anos de prisão.

A promotora de Justiça Denise Sassen Girardi de Castro atuou na acusação e, na defesa, os advogados Rodrigo Schmitt da Silva, Jean Severo, Sofia de Freitas, Agenor Neto, Rodolfo Francisquinho e Franklin Krausen.

O delegado Marco Antônio Arruda Guns, que atuou nas investigações, foi o primeiro a depor e relatou todos os passos do inquérito policial. Guns disse que tomou conhecimento dos fatos quando o proprietário da empresa de fotografia onde a vítima trabalhava chegou à delegacia informando sobre o desaparecimento de José Gustavo. Ele não havia ido trabalhar e a família estava preocupada.

As investigações apontam que o crime ocorreu entre a noite de 27 de julho de 2015 e a manhã seguinte. Gargioni, segundo a Polícia Civil, foi “brutalmente espancado em um crime de ódio”. Seu corpo foi encontrado em área de vegetação no bairro Mato Grande e de acesso à Praia de Paquetá, em Canoas, na Região Metropolitana.

No inquérito, a polícia concluiu que a vítima foi atraída para uma emboscada. A Polícia Civil teve acesso a diálogos em rede social, em perfil registrado no nome de Paula, em que Gargioni é chamado para encontro em um posto de combustíveis localizado à margem da BR-116.Ao chegar no local, ele teria sido surpreendido pela presença de Biron, que estava armado e escondido no banco de trás do automóvel usado por Paula na ocasião. O casal teria conduzido Gargioni até o local ermo onde teria havido a sessão de tortura antes do homicídio.

Defesa negou autoria
Durante o interrogatório, Paula negou a autoria do crime. Ela afirmou ter sido obrigada pelo então companheiro (Juliano) — com quem mantinha uma relação extraconjugal desde os 13 anos — a marcar um encontro com a vítima. Horas antes, contou que Juliano havia descoberto o relacionamento amoroso da ré com a vítima. Segundo a ré, após receber uma notificação no celular, Juliano pegou o aparelho e descobriu o caso amoroso que ela tinha com a vítima.

— Me desmontei quando ele pegou o celular. Ele não aceitaria, eu ia morrer. Sabia que ia acontecer alguma coisa. Morava no 9º andar, saí em direção à janela. Ele me puxou pelo cabelo, me bateu muito com socos na cabeça e tórax. Desmaiei e acordei com Juliano sentado no sofá com duas pistolas na mão. Ele colocou uma pistola na minha boca — relatou.

Ela sustenta que foi obrigada a marcar o encontro com a vítima. Paula conheceu José Gustavo na festa de aniversário da irmã dela. Ele fez as fotos da festa e eles mantiveram um relacionamento, com contatos pela internet, por cerca de oito meses.

Durante o interrogatório, a ré disse ter sido vítima de violência doméstica. Informou que Juliano a impossibilitava de estudar, trabalhar e se relacionar com familiares e amigos. Segundo ela, inexistia a possibilidade de denunciá-lo por questões de segurança dela e da família. Relatou diversas situações de agressões físicas e psicológicas durante os sete anos de convivência com o réu, entre os 13 e 17 anos de idade dela.

Ela afirmou que pretendia se mudar para São Paulo, buscando fugir da relação com o outro réu.

O interrogatório precisou ser pausado algumas vezes para que a ré, grávida de 19 semanas, recebesse atendimento médico. Segundo ela, a última vez em que foi remarcado o julgamento foi a pedido dela, por questões de saúde, mas os outros adiamentos tiveram a influência do outro réu. “Nunca foi uma opção minha ficar em silêncio todos esses anos”.

Em 20 de outubro, Paula foi presa no momento em que realizaria uma consulta em uma clínica na Avenida Osvaldo Aranha, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. A prisão foi realizada pela Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A Justiça havia decretado a prisão preventiva da mulher em setembro deste ano.

Fase de debates
Durante a tarde teve início a fase de debates, em que a defesa e a acusação puderam apresentar suas teses. Por volta de 19h se iniciou a réplica do Ministério Público e, na sequência a tréplica da defesa. Por volta de 21h se iniciou a votação que ocorreu de forma breve. Por volta de 21h15min se iniciou a leitura da sentença.

— Eu sempre tive ciência da inocência da Paula, a sentença da Comarca de Canoas foi perfeita. Estamos muito satisfeitos com o resultado. O conselho foi sensacional na sua decisão. O júri nunca erra — comentou o advogado Jean Severo após a decisão favorável à ré.

“Só nos resta a Justiça divina”
Helena Gargioni, mãe de José Gustavo, acompanhou o julgamento durante toda a sexta-feira. Por volta de 19h, ela conta que se sentiu mal e foi para casa, antes da leitura da sentença.

— Agora há pouco ficamos sabendo que ela foi absolvida. Tinha tanta esperança que ela fosse incriminada, mas ela grávida e os advogados fazendo todo aquele teatro transformaram ela em vítima, em vez do meu filho. Infelizmente, a Justiça é muito falha no Brasil e nós ficamos transtornados. Só nos resta agora a Justiça divina.

A assessoria de comunicação do Ministério Público informou que a promotoria não vai se manifestar sobre o júri.

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Fonte: GZH

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