A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que realizará nesta quarta-feira (14) uma reunião de emergência para avaliar o surto de mpox na África e o risco de sua disseminação internacional. O comunicado foi feito pelo diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na última quarta-feira (7), através da rede social X.
De acordo com Tedros, a decisão de convocar o comitê foi motivada pelo aumento de casos fora da República Democrática do Congo, onde a infecção vem crescendo nos últimos dois anos. A situação se agravou recentemente devido a uma mutação que facilitou a transmissão do vírus entre pessoas.
Estatísticas Entre janeiro de 2022 e junho de 2024, a OMS contabilizou 99.176 casos confirmados de mpox em 116 países, com 208 mortes registradas no mesmo período. Um relatório divulgado na segunda-feira (12) revelou que apenas em junho, 934 novos casos foram confirmados e quatro mortes ocorreram em 26 países, o que indica uma transmissão contínua da doença em nível global.
As regiões mais afetadas em junho incluem África (567 casos), América (175 casos), Europa (100 casos), Pacífico Ocidental (81 casos) e Sudeste Asiático (11 casos). O Mediterrâneo Oriental não registrou novos casos nesse período.
Na África, a República Democrática do Congo foi responsável por 96% dos casos confirmados em junho. No entanto, a OMS alerta que o país enfrenta dificuldades no acesso a testes em áreas rurais, e que apenas 24% dos casos suspeitos foram testados em 2024.
Quatro novos países da África Oriental, incluindo Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, relataram seus primeiros casos de mpox, todos relacionados ao surto em expansão na região. A Costa do Marfim também enfrenta um surto da doença, mas de uma variante diferente, enquanto a África do Sul confirmou mais dois casos.
Variante mais letal No final de junho, a OMS alertou sobre uma variante mais perigosa do vírus mpox. A variante 1b, prevalente na África Central, apresenta uma taxa de letalidade superior a 10% entre crianças pequenas, em contraste com a variante 2b, que causou a epidemia global de 2022 e tem uma taxa de letalidade inferior a 1%.
Vacinação Nesta semana, a OMS divulgou um documento solicitando que fabricantes de vacinas contra mpox submetam pedidos para uso emergencial. O objetivo é acelerar a disponibilização de vacinas em situações de emergência em saúde pública, com foco especial em países de baixa renda que ainda não aprovaram regulamentações próprias.
A autorização para uso emergencial, segundo a OMS, deve facilitar o acesso às vacinas, principalmente em países de baixa renda, permitindo que organizações como a Gavi e o Unicef adquiram e distribuam as doses necessárias.
Sobre a doença A mpox é uma zoonose viral que pode ser transmitida para humanos através do contato com animais silvestres infectados, pessoas contaminadas, ou materiais infectados. Os sintomas incluem erupções cutâneas, linfonodos inchados, febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fraqueza. As lesões cutâneas podem se concentrar no rosto, nas mãos, pés e em outras partes do corpo, variando de algumas a milhares.
Emergência anterior Em maio de 2023, a OMS declarou que a mpox não era mais uma emergência de saúde pública de importância internacional, quase um ano após ter decretado essa condição em julho de 2022 devido ao surto da doença. No entanto, Tedros Adhanom destacou que, mesmo com o fim da emergência, a mpox continua sendo um desafio de saúde pública que exige uma resposta contínua e eficaz.
