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sábado, setembro 14, 2024
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Polícia investiga vazamento de informações sigilosas da Justiça gaúcha a advogados, com uso de senhas de servidores

FONTE: GZH

Uma operação da Polícia Civil deflagrada nesta quarta-feira (7) investiga um suposto esquema de vazamento de dados de processos, que envolveria o uso de senhas do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado. Dois funcionários do TJ — cujas senhas de acesso a procedimentos judiciais teriam sido usadas para acessos indevidos — são alvo da investigação, além de três advogados.

O trabalho, que apura violação de sigilo funcional e possível comércio de senhas do Poder Judiciário, é da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, com participação do Núcleo de Inteligência e da Corregedoria do TJ.

Estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão no prédio II do Fórum Central de Porto Alegre e em casas e escritórios de suspeitos na Capital e também em Alvorada e Viamão, além de Londrina, no Paraná.

O vice-presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB, Mateus Marques, acompanhou as ações relativas aos advogados. Segundo a polícia, advogados se utilizam do esquema para alertar clientes sobre risco de prisão ou de operações e também para tentar cooptar novos clientes que estejam envolvidos em procedimentos judiciais que eles vasculham a partir destas senhas.

Habeas corpus preventivo

A investigação começou em 2022, quando advogados fizeram pedido de acesso a um procedimento sigiloso, no qual constavam pedidos de prisão de investigados. Antes mesmo de conseguirem acesso ao expediente ou de o pedido de prisão ser analisado pelo juiz, os defensores ingressaram com habeas corpus preventivo em favor dos investigados.

A situação chamou atenção e faz a polícia acreditar que eles já tinham conhecimento dos pedidos de prisão. O TJ foi alertado e o trabalhou de apuração começou internamente. Os nomes dos investigados não foram revelados pelas autoridades, que não descartam o envolvimento de mais advogados e servidores.

Para proteger os dados da operação que seria deflagrada nesta quarta-feira (7), a polícia teve de pedir sigilo máximo dentro do sistema do Poder Judiciário. Ainda assim, foram registradas várias tentativas de acesso, para tentar saber o teor do expediente.

— É uma vulnerabilidade que temos, mas está sendo monitorada e medidas já foram adotadas — diz o desembargador  Antônio Vinicius Amaro da Silveira, presidente do Conselho de Comunicação e da Comissão de Segurança do Tribunal.

O foco da apuração é entender como as senhas foram usadas: se eram emprestadas ou vendidas, se os funcionários do Judiciário foram coagidos a fornecê-las ou até se as senhas foram obtidas por meio de hackeamento, depois de invasão do sistema.

Outro ponto é verificar como as senhas circulam entre advogados, o que possibilita o vazamento de informações sigilosas de operações policiais, de processos, de pedidos de prisões e de outros expedientes. Advogados das áreas cível e bancária acessaram processos criminais.

 

Dados de cinco operações foram vazados

Conforme a delegada Luciane Bertoletti, que conduz a investigação, pelo menos cinco operações policiais tiveram dados consultados ilegalmente. Em um dos casos, em que mandados de busca seriam cumpridos às 6h de um determinado dia, foram feitas diversas consultas à decisão judicial horas antes.

Depois de detectado o vazamento, foi feito rastreamento, com ajuda do TJ, para identificar quem havia feito consultas a documentos daquele expediente. A investigação apurou que foram usados o login e a senha de um servidor do TJ com cargo de direção, mas que o acesso ocorreu a partir de um computador privado, de fora do Poder Judiciário.

Por ocupar cargo de direção, o servidor investigado tem uma senha com nível de acesso mais elevado dentro do sistema da Justiça. A polícia pediu quebra de sigilo e verificou que o computador em que o acesso ocorreu é de propriedade de um escritório de advocacia de Porto Alegre.

O cruzamento de informações permitiu que fosse identificado o uso simultâneo do usuário e senha pelo funcionário do Poder Judiciário e por advogados ligados a este escritório. Inicialmente, não haveria consulta feita diretamente pelo servidor do TJ aos expedientes de interesse dos advogados.

Outro funcionário do TJ que teve a senha usada é um estagiário que já trabalhou como captador de clientes para escritórios de advocacia. O usuário e a senha dele foram usados por uma advogada ligada ao mesmo escritório sob investigação.

A delegada destaca que o esquema de vazamento de dados sigilosos gerou prejuízos à sociedade pela continuidade dos delitos cometidos pelos investigados e também pela desmobilização policial e desperdício de recursos empregados na tentativa de prender suspeitos.

 

Contraponto

O que diz o desembargador  Antônio Vinicius Amaro da Silveira, presidente do Conselho de Comunicação e da Comissão de Segurança do Tribunal:

Essa investigação já dura 10 meses e começou por nós, a partir de indícios de vazamento de operações policiais. O Núcleo de Inteligência fez o trabalho técnico e repassamos à polícia. Temos essa situação de vulnerabilidade, mas estamos monitorando permanentemente.

O que disse a OAB/RS, por meio de nota:

 A OAB/RS, ao tomar ciência dos fatos, designou representantes para acompanhar as ordens de busca e apreensão, bem como irá requerer acesso aos autos para analisar o caso e adotar eventuais medidas cabíveis. 

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