Após o fechamento das fronteiras e uma série de reuniões políticas, os produtores de leite estão intensificando sua pressão sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir desta semana. Seu objetivo é obter um apoio imediato para o setor, por meio da renegociação de dívidas, subsídios à produção e maior rastreabilidade dos produtos lácteos importados.
Sob a liderança da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultoras e Agricultores Familiares (Contag), federações de trabalhadores rurais de vários estados do Brasil estão se mobilizando e coordenando ações em Brasília. Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), revelou que estão enviando comissões de dez representantes de cada estado da Região Sul, incluindo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, bem como representantes de outros estados produtores. Essas comissões participarão de um esforço político conjunto, visitando órgãos governamentais e bancadas estaduais ao longo desta semana. Aristides Veras, presidente da Contag, destacou que a principal meta do grupo é conseguir uma audiência com o presidente Lula.
Os produtores de leite acreditam que as medidas anunciadas pelo governo até o momento são relevantes, mas consideram-nas insuficientes para resolver o problema em sua totalidade. Um exemplo é a compra de leite em pó pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) no valor de R$ 100 milhões, que permite a aquisição de 1,8 mil toneladas de leite, enquanto o país recebeu 20 mil toneladas apenas no mês de junho. Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag-RS, enfatiza a necessidade de regular a entrada de leite no Brasil, ressaltando que, neste momento, o subsídio é a única alternativa viável.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), se as importações continuarem no ritmo atual, as compras brasileiras de leite e produtos lácteos em 2023 podem chegar a 2,2 bilhões de litros. De janeiro a setembro, o Brasil importou cerca de 1,6 bilhão de litros, o que representa um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2022. Isso representa um desafio significativo, uma vez que o Rio Grande do Sul, um grande produtor de leite, gera cerca de 11 milhões de litros por dia. De acordo com Zanetti, essa projeção de 2,2 bilhões de litros de importações equivale a 220 dias da produção gaúcha. Ele enfatiza que o Brasil produz apenas cerca de 3% a menos do que consome, e a nação ainda é dependente das importações. Ele argumenta que o governo deveria incentivar a produção local ou adquirir os 3% que faltam.
De acordo com dados da Confederação, no primeiro semestre deste ano, os produtos lácteos importados representaram 10% do volume de leite consumido no Brasil, uma alta em relação à média histórica de até 4% do total captado no país.
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