Em pleno coração de Minas Gerais, onde o mar está a centenas de quilômetros de distância, o empresário e surfista Paulo Guido, de 53 anos, encontrou no Rio Doce um cenário inusitado para praticar sua paixão pelo surfe. As correntezas intensificadas pelas cheias no período chuvoso transformaram o rio em palco para uma aventura singular, chamando atenção pela ousadia.
Surfe em meio às correntezas
Com mais de 40 anos de experiência no esporte, Guido é pioneiro no surfe fluvial na região. Ele começou sua trajetória nas ondas do mar em 1985, mas, desde 1989, tem explorado as possibilidades oferecidas pelo Rio Doce.
“Embora esteja longe do mar, encontrei no rio algo semelhante para surfar. É uma paixão que cultivo desde jovem”, explica.
A prática, no entanto, exige planejamento cuidadoso. Antes de entrar no rio, Guido e seus parceiros avaliam o nível e o volume da água, sempre se certificando de estarem acompanhados e bem preparados. O local escolhido fica próximo ao Parque Natural Municipal, onde, para alcançar o ponto das ondas, é preciso enfrentar trilhas, pedras e até mesmo atravessar o rio com o auxílio de caiaques.
Autoridades fazem alerta
Embora a destreza de Guido impressione, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros desaconselham a prática. As principais preocupações incluem:
- Força das correntezas: A cheia aumenta significativamente o risco de acidentes.
- Água poluída: O contato com a água do Rio Doce pode representar perigo à saúde.
- Imprevisibilidade: Condições instáveis tornam a prática arriscada até mesmo para experientes.
Na última terça-feira (14), o nível do Rio Doce foi registrado em 2,08 metros pela Defesa Civil, com tendência de redução. O órgão destacou que monitora a situação e mantém a população informada sobre possíveis mudanças.
Um esporte que exige cautela
Guido faz questão de reforçar que sua prática é fruto de anos de experiência e que é fundamental respeitar os limites impostos pela natureza. “Não recomendo que pessoas sem preparo tentem algo semelhante. A segurança deve vir em primeiro lugar”, alerta.
Mesmo sem litoral, Minas Gerais mostra que o espírito do surfe pode encontrar espaço nos lugares mais inesperados. Porém, com as belezas e desafios das águas do Rio Doce, fica evidente que, para a maioria, a admiração por esse esporte deve ser feita a uma distância segura.