A Amazônia pede socorro: índice de queimadas é o pior em 25 anos, e desmatamento irrefreado continua

Em setembro de 2023, o Estado do Amazonas decretou emergência ambiental devido ao alto índice de queimadas. Só entre setembro e outubro deste ano, são quase 10 mil queimadas e quase 7.000 focos de calor registrados oficialmente (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE). É o pior outubro para as queimadas nos últimos 25 anos – o recorde anterior é de 2009.

Os dados do INPE consideram um monitoramento realizado desde 1998 na região da Amazônia, o “pulmão do mundo”. A situação já era caótica, principalmente em relação às queimadas, desde o ano passado, mas piorou. No ano de 2023, até aqui são contabilizados mais de 17,5 mil focos de calor no Estado do Amazonas. A capital, Manaus, chegou a estar encoberta por uma “onda de fumaça” a partir do dia 11 de outubro de 2023, em razão de queimadas nas cidades de Autazes e, em especial, Careiro – segundo o Ibama. Aulas presenciais nas faculdades tiveram de ser suspensas à época, e a World Air Quality Index, plataforma que mede os níveis de poluição no planeta, indexou Manaus entre as piores cidades do mundo em termos de poluição do ar, causada notadamente pelo nível de fumaça.

Flávio Dino, Ministro da Justiça, determinou recentemente a utilização de agentes da Força Nacional em municípios localizados no sul do Estado do Amazonas, com o objetivo de impedir queimadas ilegais.

Deste modo, é fato que as queimadas na Amazônia estão avançando e se tornando um problema cada vez maior para o Brasil e o planeta. Além delas, temos o desmatamento desenfreado, que, em 2022, teve um salto de 125% em relação a 2021 (INPE). Entre janeiro de dezembro do ano passado, houve um recorde de desmatamento: 10.267 km². Em compensação, o Ministério do Meio Ambiente declara que a Amazônia teve uma queda histórica de 66% no índice de desmatamento nos primeiros sete meses de 2023.

Muitos alegam que as queimadas e o desmatamento são causados, em sua maior parte, por agropecuaristas e pelo agronegócio em geral, sem considerar o tráfico ilegal de madeira e outras riquezas naturais e as mudanças climáticas, como o superaquecimento do planeta. 

Medidas mais abrangentes deveriam ser tomadas em relação a queimadas e desmatamento da Amazônia, invadida por estrangeiros com frequência e alvo de disputas econômicas e políticas de vários países na atualidade.

É inegável que a Amazônia é uma importante fonte para a produção do agro no Brasil: o agronegócio é um dos pilares da economia do nosso país, junto à prestação de serviços. O atual governo parece ter certo receio, para dizer o mínimo, com o agronegócio, até pelo apoio ao Movimento dos Sem Terra – MST – que tem sido responsável por várias invasões em terras produtivas no nosso país; e pela oposição ao governo Lula por parte da maioria dos empresários do agronegócio, que, aliás, têm tido pouca atenção das verbas governamentais em 2023, como as áreas de Saúde, Educação e pesquisas e o Bolsa Família – todos tiveram verbas drasticamente cortadas, enquanto o povo arca com sobretaxas e a relativização da propriedade privada ditada pelo órgão executor STF de maneira arbitrária.

Seja como for, o Brasil precisa proteger a Amazônia, que é seu bem maior. Em agosto de 2023, por exemplo, centenas de dragas utilizadas para garimpo ilegal foram encontradas no Amazonas, e 200 balsas a serviço de criminosos, apenas no rio Madeira, segundo a Polícia Federal e o Ibama.

Assim, a preocupação com a Amazônia não deve se resumir a um embate político entre extremos, tampouco à “culpabilidade do agronegócio”. Ainda temos a questão dos índios e do marco temporal – são centenas de tribos vivendo, dentro dos seus costumes, no Amazonas. Todos querem um “naco” da Amazônia, do Amazonas e arredores, do Pantanal, de nossos minérios e matérias-primas. As riquezas do Brasil pertencem ao Brasil.

Penso que o governo deveria, ao mesmo tempo em que tentar amenizar a situação das queimadas e do desmatamento, que andam juntos, pensar em alternativas viáveis para preservar a fauna e a flora amazônicas. Ademais, permitir que os recursos do “pulmão do mundo” sejam utilizados, de forma sustentável, para fortalecer a economia brasileira. Isso inclui planejamentos para o agronegócio, garimpos legais, política externa, índios e demarcações de terras, que considerem, concomitantemente, proprietários ativos na economia brasileira, a economia do país, a sustentabilidade e os direitos dos povos indígenas, os primeiros donos de todas as nossas terras.